Ordenamento da infraestrutura de postes foi tema do NETCOM
Com a presença de 4 mil profissionais do setor, 1.250 congressistas e 80 expositores, a 11 ª edição do evento NETCOM terminou na quarta-feira, 7 de agosto, unindo feira e congressos técnicos – ambos com entrada gratuita. A programação de painéis e palestras se encerrou com a realização do Workshop RTI Compartilhamento de Postes e do Congresso RTI Cabeamento e Instalações. “A expectativa desse encontro é que a gente consiga fazer, principalmente no nosso setor de Compartilhamento de Postes, a melhoria e o ordenamento dos cabos de telecomunicações em postes, implementando competentes sistemas de gestão dos cabos instalados e também a utilização de novas tecnologias para essa infraestrutura”, espera Marcius Vitale, coordenador do Workshop RTI Compartilhamento de Postes e CEO da Vitale Consultoria e Presidente da Associação dos Diplomados do Inatel (ADINATEL).
O workshop foi aberto com o painel Nova NBR 15.214 – Rede de Distribuição de Energia Elétrica – Compartilhamento de Infraestrutura com Redes de Telecomunicações que, além da mediação de Marcius Vitale, contou com a participação dos painelistas Rodrigo Urçulino, analista de Proteção da Receita da Gerência de Receitas Acessórias da Cemig, e de Daniel Vagner, consultor na Telefónica (Vivo). Os especialistas trataram dos aspectos técnicos definidos pela atualização da NBR 15.214.
O painel Avanços e Oportunidades no Compartilhamento de Postes trouxe uma discussão sobre um tema complexo – a infraestrutura de postes – e foi acompanhado por uma plateia lotada. Helcio Binelli, sócio-diretor na PGB Security, iniciou o debate falando que o assunto remonta a 2015. Representantes do setor de telecom concordam que é necessário um consenso definitivo entre os setores elétrico e de telecomunicações, com base no modelo já aprovado pela Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL). “O poste é reflexo do País. A situação tem que mudar e o que foi decidido tem que avançar. A responsabilidade é de todos”, argumentou Luiz Henrique Barbosa, presidente da Telcomp.
Já Ana Carolina Silva, consultora de regulação da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE), afirmou que as soluções precisam ser mais discutidas. “Precisamos debater mais firmemente novas tecnologias para aumentar a infraestrutura de acessos. Além disso, é necessário atribuir responsabilidades, custos e punição. O preço regulado é visto como algo positivo e que pode reduzir conflitos”, disse. “Hoje temos melhor segurança jurídica e um decreto. Entendo que o explorador é a possibilidade que temos de avançar”, falou Kátia Pedroso, sócia e diretora da TELCONSULTORIA. Com mais de 40 anos de experiência na área de distribuição, Sidney Simonaggio, sócio-proprietário da Simonaggio Soluções Empresariais, acredita que a única solução possível seja um operador neutro.
No painel Explorando as Novas Normas de Segurança do Trabalho, foram apresentados números de acidentes de trabalho no setor e discutidas propostas para reduzir essas estatísticas. De acordo com dados do Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica 2023/2022 (ABRACOPEL) trazidos por Rogério Moreira Lima, mediador do painel, entre 2017 e 2022, houve um aumento significativo de vítimas fatais por choque elétrico na rede aérea de distribuição. “O descumprimento da norma pode acontecer por interesses ou desconhecimento das premissas do trabalho”, segundo Aguinaldo Bizzo, consultor em segurança e saúde ocupacional e membro do GTT da NR10. Um dos pontos levantados foi a questão dos custos envolvidos nesses acidentes. “Segurança do trabalho é uma necessidade, pois estamos cuidando da saúde financeira da empresa também. É melhor investir em preparo do que reparo”, afirmou Gianfranco Pampalon, ex-auditor fiscal do trabalho e membro do CNTT da NR 35.
No painel IA na Infraestrutura de Telecomunicações – Futuro dos Postes Compartilhados no Brasil, mediado por Marcius Vitale, foram apresentados temas relevantes que podem ser adotados para a melhoria da gestão da infraestrutura aérea de telecomunicações. “IA pode ser muitas coisas. Temos os modelos de linguagem como o chat GPT, a IA generativa, mas existem outros milhares de algoritmos que não foram democratizados. Mais provavelmente até a próxima década teremos a inteligência artificial geral, que vai projetar as próximas gerações”, falou Antonio Marcos Alberti, pesquisador e professor do Inatel (Instituto Nacional de telecomunicações). Daniel Moura, CEO e Fundador da PIX Force.AI, apresentou as principais soluções da empresa, que já utilizam a IA para inspeção de postes. Cibelle Mortari Kilmar, integrante do grupo Infra Women Brasil (IWB) no setor de telecomunicações, falou sobre os aspectos jurídicos envolvidos. “Já avançamos bastante na regulamentação da IA. Estamos no caminho certo. Precisamos ter esse fenômeno social tutelado”.
Dentro do congresso RTI de Cabeamento e Instalações, aconteceu a palestra sobre a norma ABNT NBR 16869-5:2024 para redes POLAN, com Emílio Scalise, CEO da Tellnet. A nova NBR especifica os requisitos e as recomendações para a infraestrutura de PON, redes ópticas passivas. “Tivemos um dia que foi bastante completo em termos de assuntos, com uma grade abrangente. A ideia foi trazer novos conhecimentos aos participantes e desenvolver discussões sobre o futuro e encerramos o evento com os objetivos atendidos. O NETCOM reúne profissionais do setor e apresenta um olhar técnico sobre os assuntos tratados, com pouca ou nenhuma importância a questões de marketing ou comerciais”, avalia o engenheiro eletricista Paulo Marin, doutor e mestre em engenharia elétrica em interferência eletromagnética e propagação de sinais; e coordenador do RTI Cabeamento e Instalações.
Na foto, da esquerda para a direita: Sidney Simonaggio, Katia Pedroso, Luiz Henrique Barbosa, Ana Carolina Silva e Helcio Binelli (mediador do painel)