Mudanças climáticas afetam negativamente a agricultura, alerta especialista
As mudanças climáticas, cada vez mais preocupantes, acendem o alerta sobre seus impactos em diversos setores, especialmente na agricultura. O Sumário para Tomadores de Decisão do Relatório Temático sobre Agricultura, Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (2024) destaca a relevância do setor, que responde por cerca de 27% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, além de gerar aproximadamente 20% dos empregos formais. O PIB do agronegócio brasileiro foi de R$ 2,45 trilhões em 2024, sendo 1,65 trilhão no ramo agrícola e 801 bilhões no ramo pecuário (a preços do primeiro trimestre de 2024).
Segundo Alysson Wosniak, coordenador do curso de Agronomia da Faculdade Anhanguera, o Brasil, muitas vezes chamado de “celeiro do mundo”, destaca-se por sua vasta produção agrícola, que traz um impacto significativo para a economia e alerta para as alterações no clima no setor. “As mudanças climáticas, especialmente os efeitos dos gases de efeito estufa e o desmatamento, têm consequências negativas para o setor. Se essa tendência continuar, a longo prazo, a contribuição do agro para o PIB pode diminuir, como também os danos ao solo serem irreversíveis”, alerta.
Wosniak explica que a produção agrícola enfrenta desafios crescentes por conta dos impactos ambientais. “Nos últimos anos, isso se tornou mais evidente. Os modelos atuais indicam que a agricultura será profundamente afetada pelas mudanças climáticas, sendo o primeiro setor a sofrer as consequências, o que pode comprometer não só o agro, mas o meio-ambiente num todo”, afirma.
Além disso, o especialista alerta também sobre as queimadas que atingem todo o Brasil nas últimas semanas, segundo ele as queimadas empobrecem e diminuem a fertilidade do solo, comprometem a qualidade da água e liberam compostos tóxicos que prejudicam o plantio. “As chamas não apenas destroem florestas e áreas de preservação, mas também atingem zonas agrícolas, prejudicando culturas como soja, milho, café e cana-de-açúcar, que são fundamentais para e economia. A destruição da vegetação provoca a perda de nutrientes do solo e reduz a capacidade de regeneração das áreas atingidas, prejudicando a produtividade a longo prazo”, conclui. Possíveis Soluções:
Entre as alternativas para tornar o setor mais sustentável, Wosniak destaca a restauração de áreas de reserva legal e preservação permanente, o incentivo a atividades agrícolas sustentáveis, e programas de extensão rural focados em agroecologia. Além disso, o professor ressalta a importância de valorizar tecnologias sociais, sistemas de rastreabilidade, plantação de florestas e o turismo rural.
“A sustentabilidade na agricultura vai além do campo: depende da melhoria da qualidade de vida nas áreas rurais e urbanas, da geração de renda, do fortalecimento da soberania alimentar e da preservação da biodiversidade. A implementação efetiva de normas ambientais é essencial para alcançar esses objetivos”, conclui.