Natal torta de climão? Como preservar o diálogo entre familiares 

Natal torta de climão? Como preservar o diálogo entre familiares 

Veja dicas para enfrentar divergências à mesa nos eventos de final de ano
 Misture uma eleição presidencial extremamente polarizadora em outubro, reúna todos os seus parentes distantes para as festas de fim de ano em dezembro e temos o potencial para uma ceia indigesta. Durante décadas, muitos conselhos de etiqueta e anfitriões cautelosos nos alertaram que política e jantar não combinam. Milhões de brasileiros tentarão seguir esse conselho neste Natal, em um esforço desesperado para manter a paz ao redor da mesa.
 

Mas e se essa sabedoria convencional estiver errada? E se, na verdade, for possível conversar sobre política de forma produtiva durante a ceia?


 Natal torta de climão? Como preservar o diálogo entre familiares 

De certo modo, pode ser inevitável: independentemente de como você se sente sobre o atual cenário político, é difícil não ter uma opinião. O clima polarizado que marcou o Brasil nos últimos anos não desaparece magicamente com as festas natalinas, e a política provavelmente será um tema que surgirá entre uma rabanada e outra. É uma realidade que talvez seja preciso encarar.
 

Vale a pena apostar em discussões difíceis — mas civilizadas — com amigos e familiares, porque isso pode não apenas fortalecer a democracia, mas também, e talvez mais importante, fortalecer os nossos relacionamentos.
 

É verdade que dificilmente você convencerá um parente ou amigo a mudar de opinião sobre um tema polêmico. Mas esse nem deveria ser o objetivo. Falar sobre política com pessoas queridas é importante porque humaniza o ponto de vista de cada um. É muito mais difícil caricaturar ou demonizar quem pensa diferente de você quando esse alguém é seu irmão, sua prima ou seu avô.

Flagrante de ato criminoso em Maringá 

A professora Rachel Wahl, da Universidade da Virgínia, resume bem essa ideia: “É muito, muito raro alguém mudar de opinião sobre questões políticas. Mas as pessoas frequentemente mudam de ideia sobre quem está do outro lado”.

As consequências desse pequeno exercício de convivência vão além da ceia de Natal ou da festa de Ano Novo. Quando entendemos que as pessoas demonizadas por discursos políticos incluem nossos entes queridos, nos tornamos menos propensos a aceitar incitações à polarização. Um desacordo saudável pode, na verdade, ajudar a construir uma sociedade mais coesa e empática.
 

O Redes Cordiais sugere algumas dicas para o melhor convívio em períodos de festa:
 

Se sua família tem pessoas com posicionamentos políticos diferentes:

  • Aposte na clareza e transparência sobre o assunto em pauta.
  • Discuta ideias, não ataque pessoas.
  • Não deixe que o diálogo se transforme em ataques pessoais.
  • Não hesite em sugerir uma pausa caso a discussão saia dos trilhos.

Como falar com aquele parente que adora espalhar teorias da conspiração?

  • Lembre-se de que as pessoas tendem a endossar teorias conspiratórias impulsionadas por sentimentos de impotência ou vulnerabilidade.
  • Não ridicularize.
  • Mostre empatia.
  • Busque mensageiros confiáveis em comum entre vocês.
  • Reafirme o apreço pelo pensamento crítico.

Priorizar o diálogo e o respeito é essencial para preservar os relacionamentos e garantir a harmonia em futuras celebrações. Esse período deve ser um momento de convivência, compreensão e respeito às diferenças — sempre dentro dos limites éticos e legais que sustentam a coexistência em sociedade“, comenta Clara Becker, cofundadora do Redes Cordiais e pesquisadora em educação midiática.
 

Sobre o Redes Cordiais – O Redes Cordiais foi criado em 2018 com a missão de construir redes mais saudáveis e confiáveis. Um espaço público de diálogo e troca, numa internet livre, no qual a liberdade de expressão crie comunidades comprometidas com diálogos democráticos. Em parceria com entidades e outras instituições dos setores público e privado, aposta na educação midiática e no conjunto de habilidades que permite lidar de maneira responsável e crítica com as mídias, do jornal impresso aos vídeos do aplicativo da vez. Aposta no poder do diálogo, na informação de qualidade que o jornalismo ajuda a difundir e na tolerância. Saiba mais em www.redescordiais.org.br.

Gilmar Ferreira

Gilmar Ferreira

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