A verdade, quando desconfortável, é descartada; o essencial passa a ser a aparência de credibilidade
Estamos em uma época em que a verdade objetiva parece ter se tornado secundária. O que prevalece, cada vez mais, é a habilidade de criar discursos que atendam a interesses pessoais, mesmo que isso implique em manipulação de dados ou omissão da realidade. A retórica passou a ser usada como uma estratégia para defender atitudes e reforçar posições, sem se importar com sua relação com os fatos.
Na política, esse fenômeno é ainda mais evidente. Muitos representantes, eleitos ou não, e seus apoiadores não se preocupam em compreender a realidade ou apresentar soluções fundamentadas em fatos concretos. Em vez disso, buscam construir narrativas que soem confiáveis e fortaleçam suas agendas, criando uma ilusão de legitimidade que frequentemente oculta intenções obscuras.
Esse comportamento também se reflete nos grupos de apoiadores e na sociedade, que, em vez de questionar, investigar e buscar informações precisas, preferem adotar discursos convenientes que validem suas crenças ou se alinhem aos seus interesses. A verdade, quando desconfortável, é descartada; o essencial passa a ser a aparência de credibilidade.
Enquanto isso, a sociedade paga o preço da superficialidade. Sem um compromisso coletivo com a verdade, as bases para a tomada de decisões se tornam frágeis, e a desconfiança cresce, alimentando divisões e perpetuando desigualdades.
A reflexão que se impõe é: até quando estaremos dispostos a sacrificar a verdade em nome de benefícios imediatos? A integridade da nossa convivência democrática depende da resposta a essa pergunta.