Jovem Pan e a Contradição do Patriotismo: Uma análise sobre o discurso e a prática

Jesus é o Rei, e não 'Jesus is the King': a propaganda está em Maringá, no Brasil, e não em Orlando, nos EUA.
A Jovem Pan, emissora que frequentemente se autointitula defensora dos valores patrióticos e dos interesses nacionais, tem chamado a atenção por uma contradição curiosa: a mensagem de sua emissora em Maringá, no Paraná, é transmitida em inglês. A escolha linguística, aparentemente inocente, levanta questionamentos sobre o alinhamento da emissora com os ideais que tanto propaga. Afinal, o que significa ser patriota no Brasil de hoje?
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O caso da mensagem em inglês pode parecer um detalhe insignificante, mas ganha relevância quando observamos o posicionamento editorial da Jovem Pan em relação às políticas internacionais e aos interesses do Brasil. Um exemplo emblemático foi a manchete “Lula ataca Trump”, publicada em um contexto em que o então presidente brasileiro defendia posições estratégicas para o país. Em vez de destacar a defesa dos interesses nacionais, a manchete optou por um tom que parecia priorizar a narrativa de conflito pessoal, em detrimento de uma análise mais profunda sobre as implicações para o Brasil.

Essa abordagem editorial não é isolada. Em diversos momentos, programas da Jovem Pan tem sido acusada de alinhar-se a uma visão que, embora se apresente como nacionalista, parece reproduzir narrativas que beneficiam interesses estrangeiros, especialmente os dos Estados Unidos. O uso do inglês na mensagem de Maringá pode ser visto como um símbolo dessa contradição: enquanto o discurso exalta o patriotismo, a prática parece sinalizar uma submissão cultural e política a uma potência estrangeira.
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A questão central aqui não é o uso de uma língua estrangeira em si, mas o que isso representa em um contexto mais amplo. Ser patriota vai além de discursos inflamados e bandeiras hasteadas. Envolve, sobretudo, a defesa consistente e coerente dos interesses nacionais, seja na política externa, seja na cultura. Quando uma emissora que se diz defensora do Brasil opta por transmitir sua mensagem em inglês, ou quando prioriza manchetes que reduzem a complexidade das relações internacionais a conflitos pessoais, ela revela uma dissonância entre o que prega e o que pratica.
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Em um momento em que o Brasil enfrenta desafios complexos, tanto internamente quanto no cenário global, é essencial que os meios de comunicação assumam um papel responsável e alinhado com os reais interesses do país. A Jovem Pan, com sua influência e alcance, tem a oportunidade de fazer isso. Mas, para tanto, precisará refletir sobre suas contradições e garantir que seu discurso patriótico esteja em sintonia com suas ações. Afinal, como bem sabemos, patriotismo de verdade não se limita a palavras — ele se revela nas escolhas que fazemos todos os dias.