Suicídio: é hora de falar sobre isso

Suicídio: é hora de falar sobre isso

Por Rosana Decleva, psicóloga

O suicídio ainda é um tabu, mas precisa urgentemente ser discutido com seriedade, empatia e informação. Em um mundo hiperconectado, mas emocionalmente desconectado, o sofrimento psíquico tem crescido silenciosamente. E é exatamente sobre isso que precisamos falar.

Quando pensamos em suicídio, é comum vir à mente uma dor profunda, um sofrimento tão agudo que desconecta a pessoa de si mesma e dos outros. Nesses momentos, ela deixa de enxergar o próprio valor, sente-se invisível, sem importância, sem afeto. É como se a vida perdesse o sentido e ela não se visse mais como parte de nada.

A chave para uma vida sem limites

A verdade é que somos seres de pertencimento. Primeiro pertencemos à família, depois à escola, depois à sociedade. E é nesse sentimento de pertencimento que nos desenvolvemos emocionalmente. A convivência e o diálogo são o alicerce para que alguém se sinta incluído, amado e escutado.

Mas vivemos tempos em que a tecnologia nos permite conversar com o outro lado do mundo em segundos, pedir comida em um clique, acessar qualquer informação… E mesmo assim, nunca estivemos tão distantes de nós mesmos. Perdemos a habilidade de lidar com as emoções. Estamos ansiosos, deprimidos, desorientados. Recebemos mais estímulos em um dia do que nossos avós recebiam em um ano.

E quem não olha para as próprias emoções, dificilmente conseguirá perceber o sofrimento do outro.

Por que as pessoas se suicidam?

As motivações podem ser diversas, mas geralmente envolvem fatores como depressão profunda, transtornos mentais (como bipolaridade), uso de drogas, crises existenciais, luto, vingança emocional, perseguições, abusos ou problemas financeiros.

Entre adolescentes, o risco se multiplica: impulsividade, uso de substâncias, redes sociais e a sensação de rejeição ou humilhação podem levar a atos desesperados. Um exemplo emblemático é o de um jovem que, ao descobrir uma traição pela internet, jogou-se da janela imediatamente, num impulso para cessar a dor.

O suicídio é hoje a segunda principal causa de morte entre jovens e adolescentes. E muitas vezes, a tentativa é um grito de socorro — um reflexo de que algo não está funcionando bem no ambiente familiar.

Quem está mais vulnerável ao suicídio?

• Pessoas com transtornos mentais não tratados

• Usuários de drogas

• Pessoas em luto, especialmente após a perda de um filho

• Adolescentes em crise de identidade ou isolamento

• Vítimas de abuso ou violência

• Pessoas com histórico de tentativas anteriores

O que não fazer?

Quando alguém verbaliza intenção suicida, jamais devemos ignorar, ridicularizar ou duvidar. Frases como “quem quer se matar, se mata e não avisa” são extremamente perigosas e podem ter consequências graves.

A escuta atenta e acolhedora pode salvar vidas. Se alguém já tentou antes, o risco de uma nova tentativa é real e aumentado. Especialmente com adolescentes, é preciso sensibilidade e presença.

O que podemos fazer?

• Estar presente nos nossos “20 metros”: nossa casa, filhos, parceiros, colegas.

• Criar espaços de diálogo sincero e escuta ativa.

• Observar sinais de sofrimento silencioso.

• Procurar ajuda profissional (psicólogos, psiquiatras, grupos de apoio).

• E principalmente: levar a sério qualquer sinal ou fala sobre suicídio.

“Precisamos falar sobre suicídio. Precisamos agir. Precisamos pertencer uns aos outros.”

Redação O Diário de Maringá

Redação O Diário de Maringá

Notícias de Maringá e região em primeira mão com responsabilidade e ética

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *