Dinheiro vivo em casa: economia conservadora ou corrupção descarada?

O debate sobre o uso de dinheiro em espécie voltou à tona após a operação da Polícia Federal que investiga desvios de recursos da Saúde em Sorocaba (SP). A ação, realizada nesta quarta-feira (10), encontrou quase R$ 1 milhão em dinheiro vivo escondido no interior de um carro localizado em um dos endereços ligados ao bispo Josivaldo Souza e à pastora Simone Souza, cunhada do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos).
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O episódio reacende uma velha pergunta: guardar grandes quantias fora do sistema bancário seria sinal de precaução ou um forte indício de irregularidade?

Em entrevista ao UOL News, Manga negou qualquer envolvimento em crimes e afirmou que “na minha casa, não foi encontrado nenhum recurso”. O prefeito também declarou que os valores localizados pela PF estão devidamente declarados e têm origem lícita. Ainda assim, a proximidade com os alvos da operação e a natureza da quantia apreendida mantêm a gestão municipal sob forte pressão.
Além da apreensão milionária, a PF realizou mandados de busca e apreensão na residência do casal e na igreja ligada a eles. A operação investiga suspeitas de desvios de verbas públicas destinadas ao atendimento de saúde, especialmente nas UPAs da cidade.
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Embora até o momento não haja confirmação de que o prefeito seja formalmente investigado, o fato de pessoas próximas a ele estarem envolvidas na operação levanta dúvidas incômodas. A Prefeitura de Sorocaba ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso.
Outro ponto que chama atenção é a decisão de manter R$ 1 milhão em espécie, em vez de investir legalmente essa quantia. Em um CDB que renda 100% do CDI, por exemplo, esse valor poderia render cerca de R$ 8.600 por mês, ou aproximadamente R$ 105 mil ao ano, de forma totalmente legal e rastreável.
Em tempos de fiscalização mais rigorosa e de exigência por transparência na gestão pública, manter quase R$ 1 milhão fora do banco — ainda que declarado — é um comportamento que levanta sobrancelhas. Para muitos, pode ser apenas uma escolha questionável. Para outros, uma pista óbvia de algo mais sério.
O desenrolar da investigação dirá se estamos diante de uma economia fora do sistema ou de uma corrupção às claras.