O que têm por trás dos bebês reborns?

Por Ester Corrêa
Essas bonecas hiper-realistas, feitas à mão com detalhes impressionantes como pele macia, veias aparentes e cabelos implantados fio a fio, podem custar altos valores em reais, como também a saúde mental de quem os adquirem. Podemos considerar, que sim, existe alguns motivos para se ter o boneco, como, colecionismo e Hobby – Para muitos, os bebês reborn são objetos de arte e coleção. A habilidade artesanal envolvida na criação de cada boneca é admirada, e a busca por peças únicas e realistas se torna um hobby apaixonante.
Já em alguns casos, podem serem utilizadas os bebês reborn como ferramenta terapêutica. Em casos de luto gestacional ou perda de um filho, a boneca pode oferecer algum conforto e uma forma de expressar o instinto maternal. Também há relatos de uso para lidar com a solidão, ansiedade e até mesmo em cuidados com pacientes de Alzheimer, proporcionando uma sensação de aconchego e propósito.
Para os artistas que os criam, o “reborning” é uma forma de arte. Eles dedicam tempo e cuidado para transformar bonecas comuns ou moldes de vinil e silicone em réplicas incrivelmente realistas de bebês, utilizando técnicas de pintura em camadas, implantação de cabelo e outros detalhes para alcançar o máximo de semelhança com um recém-nascido. Porém, o que deve ser um sinal de alarme?
A popularidade dos bebês reborn também cresceu nas redes sociais, com vídeos que mostram os donos cuidando das bonecas como se fossem bebês reais. Essa representação, por vezes vista com estranhamento, gera curiosidade e contribui para a viralização do tema.
É importante notar que, embora algumas pessoas tratem seus bebês reborn de maneira muito próxima à forma como se cuidaria de um bebê de verdade, a maioria reconhece que são bonecas. O uso terapêutico deve ser acompanhado por profissionais de saúde mental para garantir que não se torne uma fuga da realidade ou um substituto para o enfrentamento de questões emocionais.
A preocupação surge quando o envolvimento com o bebê reborn se torna excessivo e começa a interferir na vida da pessoa, levando ao isolamento social, onde a pessoa prioriza a interação com o bebê reborn em detrimento de relacionamentos reais.
Fuga da realidade – perda da capacidade de distinguir claramente entre a boneca e um bebê real.
Sofrimento psíquico – O apego à boneca causa angústia significativa ou impede a pessoa de lidar com questões emocionais reais.
Negligência de responsabilidades – A dedicação ao bebê reborn prejudica o trabalho, os estudos ou outras áreas importantes da vida.
Nesses casos, o comportamento pode ser um indicativo de sofrimento emocional ou um problema de saúde mental subjacente, e é importante buscar ajuda profissional.
Em resumo, ter um bebê reborn é um fenômeno complexo com diversas motivações. Para muitas pessoas, é um hobby inofensivo ou até uma fonte de conforto. No entanto, quando o envolvimento se torna extremo e disfuncional, pode ser um sinal de alerta para questões de saúde mental que precisam ser avaliadas por um profissional.
*Ester Corrêa é jornalista, enfermeira com diversas pós-graduações e graduanda em Psicologia pela UNICV
