Abrigo Municipal : a urgência exige diálogo e ação, não lacração ou marketing político

Por Gilmar Ferreira
Diante do incidente recente no abrigo de Maringá, é preciso dizer com toda clareza: a solução para esse tipo de problema não pode ser atribuída exclusivamente à gestão do prefeito Silvio Barros ou ao secretário Leandro Bravin. Embora ambos tenham responsabilidades claras, estamos diante de uma situação grave, estrutural e delicada, que não será resolvida com discursos prontos ou frases de efeito nas redes sociais.
Não se trata de palco para lacração política. O momento exige trabalho sério, comprometimento real e decisões baseadas em conhecimento técnico. A resposta à crise no abrigo infantil precisa começar com a atuação firme da comissão técnica da secretaria responsável, mas não pode parar por aí. É fundamental envolver profissionais especializados, com experiência concreta na proteção de crianças e adolescentes, como psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, advogados e especialistas em políticas públicas.
A Universidade Estadual de Maringá (UEM), com toda a sua expertise acadêmica, deve ser chamada a contribuir ativamente nesse processo. Há conhecimento técnico disponível na cidade, pronto para orientar soluções sustentáveis, mas é preciso que o poder público tenha humildade e disposição para dialogar.
Também é urgente que o Conselho Municipal de Direitos Humanos (CMDH), a Comissão Extraordinária de Direitos Humanos da Câmara Municipal e a Defensoria Pública do Paraná assumam protagonismo. O papel dessas instituições vai além da retórica. Elas precisam atuar de forma incisiva, propondo medidas, fiscalizando ações e garantindo que os direitos das crianças acolhidas sejam plenamente respeitados.
A sociedade civil organizada tem, historicamente, um papel essencial na defesa da infância e da juventude. Ignorá-la nesse debate é um erro estratégico e moral. Sem sua participação efetiva, qualquer tentativa de solução corre o risco de ser superficial e ineficaz.
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É ingenuidade ou má-fé imaginar que tudo se resolverá da noite para o dia. Mas também é covardia usar a complexidade do problema como desculpa para a inércia. Em resumo, não é algo que se resolve, como diz o velho ditado popular, “em um tapa”, mas sim com a participação de todos, inclusive dos órgãos de imprensa, que têm o dever de informar, fiscalizar e cobrar. A situação é urgente e exige planejamento, responsabilidade e compromisso conjunto.
A infância e a adolescência são prioridades estabelecidas pela Constituição. Tratá-las como tal não é um favor, é uma obrigação legal e moral. E isso exige muito mais que marketing político. Exige coragem, competência e, acima de tudo, seriedade.