Moro mantém tom agressivo e volta a atacar Do Carmo

Na manhã desta segunda-feira (09), os ouvintes da Jovem Pan Maringá 101,3 acompanharam a entrevista do ex-juiz, ex-ministro da Justiça e atual senador Sergio Moro. A expectativa era de que o senador apresentasse novidades, demonstrasse posicionamentos firmes e oferecesse respostas claras sobre temas importantes. No entanto, o que se viu foi uma repetição de velhos discursos, ataques previsíveis e silêncio onde mais se esperava transparência.
Questionado pelo comentarista Dr. Kim Rafael sobre a situação do União Brasil e sua relação com o deputado estadual Do Carmo, Moro recorreu ao confronto. Em vez de esclarecer os bastidores do rompimento político, preferiu atacar o ex-aliado. Pelo visto, Do Carmo só serviu enquanto foi útil durante a campanha. Uma postura que diz muito sobre o estilo de liderança de Moro: alianças descartáveis e motivadas por conveniência eleitoral. É bom lembrar ao senador que Do Carmo possui aliados em diversas regiões do Paraná e vem se destacando tanto no exercício do mandato de deputado estadual quanto na atuação como secretário de Estado do Trabalho, Qualificação e Renda.
Outro momento que chamou atenção foi quando Moro foi perguntado sobre sua afilhada de casamento, a deputada federal Carla Zambelli. Apesar da forte ligação pessoal e política entre ambos, ele evitou qualquer comentário, optando por desconversar. A mesma estratégia de fuga foi usada ao ser confrontado com o caso de uma de suas apoiadoras na Câmara de Maringá, que enfrenta acusações sérias de improbidade administrativa e enriquecimento ilícito. Para alguém que construiu toda sua trajetória com o discurso da moralidade e do combate à corrupção, o silêncio é profundamente incômodo.
Sergio Moro parece ainda encantado com as pesquisas que o colocam na liderança da corrida pelo governo do Paraná, seguido por Requião Filho. Mas é bom lembrar: a eleição sequer começou oficialmente. Quando os candidatos forem definidos e os debates tomarem corpo, o cenário pode mudar e, neste caso, quem pouco mostrou até aqui tende a perder terreno.
O senador ainda não concluiu o mandato que lhe foi confiado nas urnas e já sinaliza uma nova candidatura. Diferente de outros nomes do cenário paranaense, que têm uma trajetória de serviços prestados ao estado, Moro continua apostando na sombra da Lava Jato, sem apresentar propostas sólidas ou compromisso com o Paraná.
Ser presidente da República é algo que, apesar de Moro criticar duramente o governo Lula, ficou claro durante a entrevista que, em uma disputa direta, Lula o venceria com facilidade. Isso expõe uma contradição no discurso do senador, que insiste em pintar um cenário de ruínas no país, mas não consegue se apresentar como uma alternativa viável diante do próprio eleitorado.
Se quiser mesmo ser governador, Sergio Moro terá que fazer muito mais do que repetir velhos discursos e evitar temas espinhosos. O eleitor paranaense quer clareza, projeto e compromisso real não apenas prestígio do passado e respostas vazias.
Há uma grande dúvida quanto à coerência de Sergio Moro, diante da frequência com que muda de ideia. Foi juiz, depois virou ministro de Bolsonaro mas rompeu com o ex-presidente alegando que Bolsonaro queria proteger os filhos de investigações. Em seguida, anunciou pré-candidatura à Presidência da República, desistiu, lançou-se a deputado por São Paulo, mas acabou vindo ao Paraná, onde se elegeu senador. Agora, já cogita disputar o governo do estado. Do jeito que vai, não seria surpresa se na próxima eleição aparecer como candidato à Prefeitura de Curitiba.