Sargento Fahur:“Se tiver um filme que o pastor apanha, eu gostaria de ser o policial que bate”

Sargento Fahur:“Se tiver um filme que o pastor apanha, eu gostaria de ser o policial que bate”

Na tarde de ontem (15), a Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados foi palco de mais um episódio de tensão entre parlamentares da base bolsonarista e representantes da esquerda. O presidente da Comissão, Sargento Fahur (PSD-PR), dirigiu um comentário violento ao deputado federal Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ), expondo mais uma vez o clima de hostilidade que marca os debates no Congresso.

A polêmica começou quando o deputado Alberto Fraga (PL-DF) mencionou o filme “Marighella”, dirigido por Wagner Moura, que retrata a trajetória de Carlos Marighella, guerrilheiro morto pela ditadura civil-militar. Surpreso, Fraga disse não saber que Vieira havia atuado na produção, interpretando um frei dominicano perseguido pela repressão.

Em seguida, Sargento Fahur foi além e declarou: “Se tiver um filme que o pastor apanha, eu gostaria de ser o policial que bate.” A fala, de tom intimidador, gerou reação imediata de Vieira, que tentou abrir questão de ordem. O presidente da Comissão, no entanto, tentou contornar a situação afirmando que “adora” ouvir o deputado, mas que tudo não passava de “um filme”.

Em resposta, Pastor Henrique Vieira foi incisivo: “Uma característica da extrema direita é valentia para provocar e covardia para sustentar. Tanto é que, quando começa a ser responsabilizada juridicamente, não banca se defender, foge do país.” O parlamentar fez referência direta ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que deixou o Brasil recentemente em meio a investigações sobre articulações golpistas, e ao movimento bolsonarista, que pressiona por anistia aos envolvidos nos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro.

Vieira ainda reforçou o simbolismo de sua participação no filme: “Tenho muito orgulho de ter representado um frei dominicano que foi torturado na ditadura que Vossas Excelências glorificam e exaltam, porque os heróis de Vossas Excelências são torturadores.”

O episódio reforça o acirramento dos embates ideológicos na Câmara e evidencia como setores da extrema direita seguem utilizando provocações públicas como estratégia, mas nem sempre mantêm a mesma disposição para enfrentar as consequências legais de seus atos.

Redação O Diário de Maringá

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