Deputado Coronel Chrisóstomo(PL) evoca 1964 e pede ação das Forças Armadas após operação contra Bolsonaro

Em uma declaração que gerou forte repercussão, o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) fez um apelo às Forças Armadas para que “estejam ao lado do povo brasileiro, estejam ao lado da democracia”. A fala ocorreu durante uma entrevista coletiva da oposição no Congresso Nacional, em reação à operação da Polícia Federal que impôs medidas cautelares ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), incluindo o uso de tornozeleira eletrônica.
O parlamentar, que é coronel da reserva do Exército, iniciou seu pronunciamento expressando orgulho das Forças Armadas de 1964, ano do golpe militar que instaurou uma ditadura de duas décadas no país. “Eu me orgulhava das Forças Armadas, me orgulhei das Forças Armadas em 1964, embora fosse um menino”, afirmou Chrisóstomo, antes de dirigir seu pedido à instituição.
A declaração foi feita no Salão Verde da Câmara dos Deputados e foi amplamente divulgada pela imprensa. O contexto do pronunciamento foi a manifestação de um grupo de parlamentares da oposição contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou as medidas cautelares a Bolsonaro em investigação sobre sua conduta.
A fala do deputado gerou interpretações de que estaria defendendo uma ação das Forças Armadas contra as instituições democráticas, o que configuraria a defesa de um golpe de Estado. Questionado por jornalistas se sua declaração era um chamado por uma intervenção militar, o Coronel Chrisóstomo não respondeu diretamente.
O líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), buscou minimizar o episódio, afirmando que a fala de Chrisóstomo foi uma manifestação individual e que o parlamentar tem direito à sua liberdade de expressão. Portinho distanciou o partido de um endosso a uma ruptura institucional.
Até o momento, não há informações sobre a abertura de qualquer procedimento investigatório por parte da Procuradoria-Geral da República (PGR) ou do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à declaração do deputado. Também não há registro de representação contra ele no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados por essa manifestação específica.
A Constituição Federal, em seu artigo 142, estabelece que as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República. Destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. A interpretação predominante no STF é a de que a Constituição não prevê uma “intervenção militar constitucional” ou um “poder moderador” das Forças Armadas.