Contradição no Mandato: Fahur deixa agro em segundo plano para se alinhar a Washington

Sargento Fahur realmente não faz falta na Câmara dos Deputados
É profundamente desconcertante que um deputado federal eleito pelo Paraná, estado cuja força motriz é o agronegócio, atue de forma mais alinhada aos interesses de uma potência estrangeira do que às lavouras que florescem em seu próprio quintal político. As recentes atitudes do Sargento Fahur não apenas geram controvérsia; elas levantam uma questão fundamental e incômoda: a serviço de quem está o seu mandato?
Quando os Estados Unidos impõem barreiras comerciais que sangram diretamente o produtor rural brasileiro, o que se espera de um representante do povo é a defesa intransigente dos nossos interesses. Espera-se a voz firme no parlamento e a condenação de qualquer medida que prejudique a economia nacional. O que o Sargento Fahur nos oferece, no entanto, é uma justificativa que beira o inacreditável. Ao culpar uma suposta “perseguição” a um ex-presidente pela ação soberana de outro país, Fahur, na prática, absolve o autor da sanção e joga a responsabilidade no colo do próprio Brasil. É uma inversão de lógica que serve como um tapete vermelho para os interesses de fora.
A submissão ideológica não se contentou em ser apenas verbal; ela precisava de um símbolo. E ele veio. Ao exibir em plena Câmara dos Deputados uma bandeira com o lema “Make America Great Again”, o parlamentar ultrapassou o limite da preferência pessoal e adentrou o território da afronta nacional. Enquanto o lema de Donald Trump era erguido em Brasília, o produtor paranaense, que batalha de sol a sol, sentia no bolso o peso de uma política que nos diminui. A cena foi emblemática: um gesto para “fazer a América grande”, custe o que custar ao Brasil.
É aqui que a persona pública do Sargento Fahur se revela. Conhecido pelo discurso implacável e pela postura de “tolerância zero” com a criminalidade, o deputado parece guardar toda a sua bravura para os problemas internos, de preferência contra alvos fáceis. Onde está o “Sargento durão” quando o adversário é uma superpotência econômica? Onde se esconde a rigidez quando o prejuízo é causado por aliados ideológicos de Washington?
Aparentemente, a firmeza do deputado tem lado e alvo. É implacável com o “bandido pobre”, mas compreensiva e até defensora de uma nação estrangeira que ataca a nossa economia. Essa dualidade expõe uma perigosa seletividade. No fim das contas, para o agricultor de Maringá, de Londrina ou de Cascavel, a pergunta que fica é dolorosamente simples: quando um deputado prioriza a bandeira de outro país em detrimento do pão que colocamos na mesa, não podemos e não devemos esquecer.
Foto: Luciana Saravia/Metrópoles