Alerta: Ratinho Presidente ignoraria os representantes da sociedade organizada?

A recente declaração do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) de que não atende o sindicato dos professores há sete anos e não pretende fazê-lo, sob a justificativa de que “não trabalha para o sindicato, trabalha para o povo”, levanta sérias questões sobre a forma como o governo paranaense tem se relacionado com as diversas categorias profissionais e, por extensão, com a própria sociedade civil organizada. Essa postura, se analisada em conjunto com a resposta dada aos trabalhadores da PR-317, revela um padrão de conduta que privilegia a retórica em detrimento da responsabilidade e do diálogo.
A afirmação de que não atende sindicatos por trabalhar “para o povo” é, no mínimo, problemática. Sindicatos são, por sua natureza, representantes legítimos de parcelas significativas da população, especialmente aquelas que compõem a força de trabalho. Ignorar a voz dos sindicatos é, em muitos casos, ignorar as demandas e os anseios de milhares de cidadãos que, individualmente, teriam pouca ou nenhuma chance de serem ouvidos pelo poder público. A defesa dos direitos trabalhistas, das condições de trabalho e da valorização profissional são pautas intrínsecas à atuação sindical e que, em última instância, impactam diretamente a qualidade de vida do “povo”. Ao fechar as portas para o diálogo com o sindicato dos professores, o governador demonstra uma desconsideração para com a categoria que forma as futuras gerações do estado, comprometendo potencialmente a qualidade da educação pública.
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A fuga de responsabilidade é preocupante, como demonstrado no caso dos trabalhadores da PR-317. Na ocasião, Ratinho Junior alegou ter pago a empresa, eximindo-se da responsabilidade pelo FGTS e pelos direitos rescisórios dos funcionários.
Embora a responsabilidade primária pelo depósito do FGTS seja da empresa contratada, a fiscalização é uma prerrogativa e um dever do Estado. A afirmação do governador de que não é sua responsabilidade fiscalizar é, no mínimo, um atalho retórico que ignora o papel da AGEPAR (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Infraestrutura do Paraná) e outros órgãos de controle. O poder público, ao contratar serviços, assume uma corresponsabilidade na garantia dos direitos dos trabalhadores envolvidos. O uso de “frases de efeito” para se desvencilhar de problemas complexos, como apontado, mascara uma falta de compromisso com a resolução efetiva das questões e com a proteção dos mais vulneráveis.
Essa abordagem não apenas minam a confiança nas instituições governamentais, mas também criam um ambiente de autoritarismo onde a voz da sociedade civil é silenciada. Se um governo se recusa a dialogar com seus próprios professores e trabalhadores, que são pilares fundamentais da sociedade interna, a capacidade de negociar com entidades externas, como outros países, torna-se uma questão secundária, mas não menos relevante. A credibilidade de um líder se constrói na forma como ele lida com seus próprios cidadãos.
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A postura do governador Ratinho Junior, ao adotar uma retórica de confronto e esquiva da responsabilidade, pode gerar um cenário de descontentamento social e agravar as tensões entre o governo e as categorias profissionais. É imperativo que o poder executivo paranaense compreenda que o diálogo, a transparência e a responsabilidade fiscalizatória não são opções, mas pilares essenciais de uma governança democrática e eficaz. O “povo” para quem o governador afirma trabalhar é composto também pelos professores e trabalhadores, e a escuta ativa de suas demandas é o primeiro passo para construir um estado mais justo e desenvolvido.
Parece que o governo Ratinho Junior tem dado prioridade atender representantes de grandes empresários, que frequentemente recebem benefícios fiscais milionários.
Enquanto isso, a população do Paraná arca com um dos ICMS mais caros do Brasil, um imposto que, inclusive, foi aumentado durante a gestão de Ratinho Junior. Isso levanta questionamentos sobre a equidade da política fiscal e as prioridades de seu governo.