Lição para Trump: Brasil não é refém da paixão de Bolsonaro

Brazil Belongs to Brazilians: Bolsonaro loves you, Trump, but Lula loves Brazil
As recentes decisões tarifárias de Donald Trump, marcadas pelo decreto de 30 de julho de 2025 que impôs uma tarifa de 50% sobre alguns produtos brasileiros, geraram bastante barulho e especulações. No entanto, uma análise mais aprofundada da lista de produtos taxados e, principalmente, dos que foram isentos, revela a inegável importância do Brasil para os Estados Unidos. A postura do governo brasileiro, sob a liderança do presidente Lula, de não “cair de joelhos” diante das pressões, contrariando a submissão que muitos associavam ao governo anterior, parece ter sido decisiva. Trump pode assustar figuras como Bolsonaro, que manifesta uma paixão irrestrita pelo presidente americano, mas Lula está acostumado a negociar e a defender os interesses do Brasil com pragmatismo. Afinal, nem Eduardo Bolsonaro, com sua retórica sobre “um cabo e um soldado”, conseguiu fechar o STF, e nem mesmo com a ajuda de Trump, o Brasil foi colocado de joelhos. Ao contrário da paixão de Bolsonaro por Trump, Lula, pelo visto, é apaixonado pelo Brasil.
Ainda que Trump tenha acenado com um “tarifaço”, a extensa lista de exceções do decreto é o verdadeiro indicador da relevância brasileira para a economia e a indústria americanas. Setores cruciais para os EUA, como a aviação civil, com suas aeronaves e componentes da Embraer, não foram taxados. Isso demonstra a dependência americana de produtos de alta tecnologia e qualidade fornecidos pelo Brasil. Além disso, produtos estratégicos como celulose, petróleo e gás (incluindo gasolina), além de diversos minérios e metais essenciais para a indústria (como minério de ferro, gusa, ferroligas, aço, alumínio e cobre) também escaparam da taxação. Essa isenção sinaliza que a imposição de tarifas sobre esses itens teria um custo muito alto para a própria cadeia produtiva americana, elevando os preços de insumos básicos e impactando diretamente a inflação. A mesma lógica se aplica a produtos agrícolas vitais, como o suco e polpa de laranja, e aos fertilizantes, cujo encarecimento poderia prejudicar a produção de alimentos nos EUA. Fica evidente que essas isenções não são meras concessões, mas o reconhecimento da importância estratégica desses produtos brasileiros para a economia dos EUA.
Veja as lista dos 700 produtos que não foram taxados por Trump aqui
Os produtos que efetivamente foram taxados em 50%, como café, carnes, pescados e calçados, são aqueles em que os Estados Unidos talvez enxerguem uma maior capacidade de substituição ou onde o impacto inflacionário seria mais “tolerável”. No entanto, é inegável que o consumidor americano pagará mais caro por esses itens. Esse aumento de preço, ou seja, inflação, será uma consequência direta da medida protecionista de Trump. Do lado brasileiro, a situação pode, ironicamente, gerar um benefício para o consumidor local. Com a menor demanda americana por esses produtos taxados, a maior oferta no mercado interno brasileiro pode levar a uma redução dos preços de café, carnes, pescados e calçados no Brasil. Isso significa que, enquanto os americanos pagarão mais caro, os brasileiros poderão desfrutar de preços mais acessíveis para esses itens essenciais. A postura do governo Lula, que prioriza o interesse do Brasil e dos brasileiros, ao contrário de uma subordinação, parece ter contribuído para um cenário onde as decisões americanas, mesmo que controversas, acabam por reforçar a importância estratégica do Brasil e, em alguns casos, até beneficiar o consumidor nacional. O presidente Lula, com sua vasta experiência em negociações internacionais, não se deixou abalar pelo “barulho” de Trump, demonstrando que o Brasil tem sua própria agenda e valor no cenário global.