Informação validada guia pais e evita diagnóstico online

Ferramentas de inteligência artificial generativa, como ChatGPT, Gemini e Copilot, já foram utilizadas por 93% dos brasileiros conectados à internet, segundo pesquisa da Conversion em parceria com a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em maio de 2025, e divulgada pela Forbes Brasil.
A principal vantagem percebida no uso da IA é a economia de tempo, apontada por 71,2% dos respondentes, que utilizam a tecnologia para buscar informações, executar tarefas profissionais e aprender novos assuntos. Segundo o estudo, a confiança nas respostas geradas por IA é de 62% e em buscadores tradicionais 65,2%.
Dra. Juliana Reges, médica pediatra e CEO da plataforma de cuidado e bem-estar infantil KidZenith, ressalta que entre os usuários estão pais em busca de diagnósticos ou orientações médicas, e alerta sobre os principais riscos dessa prática para a saúde infantil.
“A internet nem sempre considera o contexto clínico individual da criança, o que pode levar os pais a subestimar sintomas graves ou, ao contrário, entrarem em pânico por algo simples. O principal risco é o autodiagnóstico equivocado, que pode atrasar o atendimento médico adequado”, avalia a médica.
De acordo com a especialista, as informações médicas obtidas online frequentemente mal interpretadas pelos pais envolvem vacinas, medicação, febre, alimentação, imunidade e suplementação com vitaminas. Além disso, a médica pontua que o país enfrenta um momento delicado na cobertura vacinal, agravado pela circulação de fake news.
“Por exemplo, há pais que acreditam que todo quadro de febre requer antibiótico, o que pode causar resistência bacteriana se usado de forma inadequada. Também há equívocos em relação à introdução alimentar, como dietas muito restritivas ou medo excessivo de certos alimentos. Isso pode levar a deficiências nutricionais ou comportamentos alimentares difíceis de reverter”, pontua Reges.
Desinformação e pediatria na era digital
A pediatra destaca que a busca por diagnóstico por meio de ferramentas digitais pode levar a sites não confiáveis ou conteúdos virais que não têm base científica: “Isso pode gerar confusão e decisões arriscadas. Crianças são organismos em desenvolvimento, e qualquer erro de conduta pode ter impactos sérios e duradouros”.
Reges orienta a buscar fontes assinadas por médicos ou instituições de referência, como sociedades pediátricas, universidades e hospitais reconhecidos como medida para identificar fontes confiáveis de informação médica.
“É importante evitar conteúdos sem autoria, com promessas milagrosas ou linguagem alarmista. Redes sociais podem ser fontes úteis, desde que o profissional seja registrado, atualizado e comprometido com a ciência. E sempre que surgir uma dúvida, o melhor caminho ainda é conversar com o pediatra da criança”, lembra a profissional.
Para a especialista, o pediatra hoje tem um papel ampliado, como educador, curador de informações e guia digital. Segundo ela, o profissional precisa acolher essa realidade e orientar os pais a usarem a internet como aliada, e não como substituta da consulta.
“É papel do pediatra explicar o que está por trás das fake news, desmistificar mitos e indicar fontes seguras. O vínculo de confiança com a família continua sendo insubstituível, e agora inclui também o campo digital”, aponta Reges.
A CEO da KidZenith acredita que a IA pode ser uma aliada do pediatra quando usada de forma responsável e supervisionada. Para ela, a tecnologia pode aumentar a eficiência no atendimento, otimizar o tempo, apoiar na triagem de sintomas, sugerir condutas baseadas em evidências, ajudar no acompanhamento de rotinas pediátricas e a ter um olhar personalizado para cada criança.
“Todavia, a tecnologia nunca poderá substituir o olhar humano, a escuta sensível e a interpretação clínica que envolvem nuances emocionais, sociais e familiares. A IA é uma ferramenta, não uma solução isolada”, destaca a especialista.
KidZenith: IA com validação pediátrica
Iniciativas como a da KidZenith, que revisa conteúdos por pediatras certificados, podem ajudar os pais a obterem dados confiáveis. A pediatra ressalta que a medida não substitui a consulta presencial, mas é uma forma de democratizar a orientação de qualidade, sem perder a essência do cuidado individual.
“Sabemos que a primeira reação de um pai diante de um sintoma é pesquisar. Com o objetivo de ajudar os pais a se sentirem mais seguros, informados e preparados para cuidar melhor, criamos um ambiente onde podem encontrar informações acessíveis, claras e validadas por pediatras experientes com responsabilidade e segurança”, explica.
Para a pediatra, a missão dos profissionais de saúde é acolher essa nova realidade — em que os pais estão mais conectados, mas também mais ansiosos e sobrecarregados —, ensiná-los a usar a tecnologia a favor e ajudar as famílias transitarem pelo ambiente digital de informações com mais consciência e segurança.
Para mais informações, basta acessar: http://listadeespera.kidzenith.com.br/