Corecon-SP destaca a importância estratégica do BRICS na nova ordem internacional

Corecon-SP destaca a importância estratégica do BRICS na nova ordem internacional

Em meio ao tarifaço dos EUA, bloco ganha relevância na busca do Brasil por novos mercados e equilíbrio geopolítico

O Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP) divulgou documento aprovado em reunião plenária defendendo a importância estratégica do BRICS na reconfiguração da ordem geopolítica global. O posicionamento ocorre logo após a 17ª Cúpula do bloco, realizada em julho de 2025, e em meio ao polêmico aumento de tarifas comerciais imposto pelos Estados Unidos.

De acordo com o documento, o BRICS deve atuar como ponte entre o Norte e o Sul Global, liderando reformas em instituições multilaterais, como ONU e OMC, além de promover diálogo e soluções conjuntas para crises globais, incluindo pandemias, conflitos armados e migrações forçadas.

“O principal desafio político será manter a relevância internacional sem cair em antagonismos binários. A multipolaridade não significa automaticamente rivalidade com o Ocidente, mas sim pluralidade de centros de decisão. Serão exigidas liderança diplomática, capacidade de negociação e um projeto de futuro comum que ultrapasse as assimetrias internas do grupo”, afirma a carta. 

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Atualmente, o BRICS é composto por 11 países membros: África do Sul, Brasil, China, Índia e Rússia (membros originais), Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã (novos membros incluídos em 2023 e 2024). Na Cúpula de Kazan, o grupo também criou a categoria de países parceiros do BRICS, incluindo Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã (incluídos em 2024 e 2025). 

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Segundo dados do Banco Central, os atuais membros representam 49% da população mundial (3,8 bilhões de pessoas), 39% do PIB global, 36% do território do planeta e 23% do comércio internacional. O bloco concentra mais de um terço dos recursos essenciais à estrutura social, política e econômica do mundo

O papel do Brasil

Para o Corecon-SP, o Brasil ocupa posição estratégica no bloco, tanto pelo potencial econômico e social quanto pela capacidade diplomática. “A excelência diplomática brasileira possibilita que o Brasil se manifeste com base em princípios democráticos junto aos países ocidentais e transite estrategicamente por espaços de negociação com mais fluidez. Os próximos passos na presidência do BRICS e na realização da COP 30 serão determinantes para tal direcionamento internacional”, diz.  

Tarifaço e apoio internacional

Segundo o Corecon-SP, a recente retaliação comercial dos EUA evidencia que a disputa pelo poder de governança no cenário geopolítico já está polarizada e os BRICS se consolidam como um bloco estratégico para reequilibrar o poder global, historicamente dominado por países ocidentais. 

No início de agosto, o Governo da China manifestou apoio incisivo ao Brasil em meio ao tarifaço. Segundo o comunicado publicado no portal do governo, “a China apoia resolutamente o Brasil na defesa de sua soberania estatal e dignidade nacional, e se opõe à interferência infundada de forças externas nos assuntos internos do Brasil”, diz.

A manifestação da China ocorreu na mesma tarde em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista à agência de notícias Reuters, afirmou que irá debater com o Brics uma ação coordenada para enfrentar o tarifaço imposto por Donald Trump ao Brasil e a outros países.

Desafios

Na avaliação do Corecon-SP, a transição para uma ordem multipolar impõe ao bloco grandes desafios. O primeiro é a coesão interna: os países-membros possuem interesses econômicos, modelos de governança e alinhamentos internacionais bastante distintos. Além disso, manter uma agenda comum e decisões consensuais (como prevê a diplomacia BRICS) será cada vez mais complexo à medida que o grupo se expande e se diversifica, afirma a carta. 

A entidade destaca ainda a autonomia financeira, diante da necessidade de reduzir a dependência do dólar e do sistema financeiro ocidental exigirá criar mecanismos próprios, como moedas alternativas e plataformas de pagamento independentes. Essas iniciativas dependem de infraestrutura tecnológica robusta, segurança digital e confiança mútua.

O Corecon-SP também ressalta que os países do BRICS enfrentarão resistência direta de instituições estabelecidas, como o FMI e o Banco Mundial, que ainda concentram recursos e poder decisório nas mãos do G7. “O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) precisará se tornar mais eficaz e atrativo para novos membros, com capacidade de financiamento em larga escala e processos ágeis”, observa

Redação O Diário de Maringá

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