Wellness real estate: conceito cresce 20% ao ano

Wellness real estate: conceito cresce 20% ao ano

Com um salto de US$ 225 bilhões em 2019 para US $584 bilhões em 2024, o mercado de wellness real estate dá o tom ao novo momento do setor imobiliário mundial. O gasto com imóveis voltados para o bem viver, conceito ampliado e popularizado durante a pandemia, atingiu um crescimento médio de 19,5% ao ano, segundo relatório recente do Global Wellness Institute (GWI). Já a taxa de crescimento anual da construção global geral foi de apenas 5,5% durante o mesmo período.

Os números são reflexo de uma mudança global de comportamento e de compreensão sobre o que cerca o bem-viver da sociedade atual. Para Thiago Cabral, empresário do ramo imobiliário, os últimos anos impulsionaram um novo entendimento, tanto entre consumidores quanto da indústria da construção, a respeito da importância vital dos espaços externos e internos para a saúde física e mental. “Apenas morar em uma edificação tradicional, com acesso à água, luz e saneamento básico, não é mais suficiente – pelo menos não para consumidores exigentes e antenados nas novas tendências. Por isso, o mercado teve que se adaptar também. O pulo do gato foi entender que bem-estar se constrói, e que, quem não acompanhar o ritmo, vai ficar para trás”, explica.

Prova disso são as projeções de crescimento do setor. Para os próximos cinco anos, o estudo da GWI aponta uma Taxa de Crescimento Anual Composta de 15,2% no mercado imobiliário voltado para o bem-estar, elevando seu valor para mais de um trilhão de dólares até 2029. Esses imóveis são caracterizados pelo instituto como propriedades residenciais ou comerciais que incorporam elementos intencionais de bem-estar em seu design, materiais, edifícios, comodidades, serviços e/ou programação. 

“Para além de todas essas características, nossos projetos valorizam o coletivo, com áreas de convivência que fortalecem laços entre os moradores e permitem interações sociais em meio a espaços verdes e de lazer”, explica Thiago, que atua como CEO da ABC Embralot, incorporadora do litoral norte catarinense. A ideia, segundo o empresário, é fomentar o sentimento de pertencimento ao oferecer, ao mesmo tempo, privacidade e oportunidades de integração. “Em Itapema, no IT’s, por exemplo, temos um espaço de contemplação dentro do empreendimento, com mais de 6 mil metros quadrados de área de lazer. Já no Bravo, a contemplação do mar e da orla da praia Brava, ambos a poucos metros do morador, é um diferencial para quem busca o litoral. E no Gralha, em Camboriú, a área com mono fazendinha e os espaços de lazer em um bosque dentro do condomínio fazem toda a diferença”. 

Para outro lançamento da construtora, a ABC apostou em um SPA natural no edifício Mayfair, em Itapema. Com entrega marcada para o segundo semestre de 2025, o projeto tem em sua piscina o destaque: ela é revestida com a pedra Hijau, e foi importada diretamente de Bali, na Indonésia. “O material tem propriedades antioxidantes e terapêuticas, promovendo saúde durante o lazer, já que neutraliza radicais livres, equilibra o pH corporal e remove metais pesados, contribuindo para a purificação do sangue, aumento da disposição, clareza mental e até produção de serotonina”, destaca Cabral.

Oásis naturais

Além da tecnologia a serviço do bem-estar, a localização dos edifícios também faz diferença. No bairro Estaleiro, em Balneário Camboriú, o bem viver começa antes da porta de entrada. Conhecida por sua natureza rica, baixa densidade urbana e mansões à beira-mar, a região mantém-se praticamente intocada: de acordo com o Plano de Manejo da Área de Preservação Ambiental da Costa Brava, só 40% das áreas são liberadas para construção; os outros 60% são preservados. O local atrai pela exclusividade em meio a praias e mata atlântica — tudo isso dentro dos limites da “Dubai Brasileira”.

“Em tempos de verticalização extrema no centro de Balneário, termos prédios limitados a quatro andares por aqui se tornou um diferencial competitivo. Prova disso é o projeto do Ená, com a assinatura da ABC”, destaca Cabral. “Estamos entre eixos turísticos e industriais, mas em um santuário natural. Somando isso a um cliente que valoriza sustentabilidade, design e privacidade, temos a equação ideal do wellness”.

O empreendimento tem um Valor Geral de Vendas (VGV) estimado em R$150 milhões e consiste em seis mansões suspensas, com plantas de 400 a 640 metros quadrados, pensadas para oferecer exclusividade e acesso direto à praia. Com arquitetura de Jayme Bernardo, o projeto valoriza a vista para o mar e a integração com a natureza. A biofilia também se destaca, com automação que cuida da vegetação o ano todo.

“Vivemos um momento em que o cliente de alto padrão busca discrição, experiências genuínas, exclusivas e conectadas à sua essência e à natureza. Foi a partir dessa demanda que decidimos criar um empreendimento que traduzisse um conceito mais sutil, sofisticado e com muito significado. E o Ená é o reflexo dessa visão. Não se trata apenas de morar em um espaço luxuoso, mas de vivenciar um estilo de vida que privilegia o essencial, o bem-estar e a conexão com o lugar onde você vive”, finaliza o CEO do Grupo.

O verde como aliado

Se a natureza está do lado de fora, ela também é valorizada dentro dos edifícios. O conceito da Biofilia, que significa “amor à vida”, integra elementos naturais aos espaços construídos para promover o bem-estar. Um estudo da Universidade da Califórnia aponta que pessoas que vivem próximas a áreas verdes têm 36% menos chance de desenvolver sintomas de depressão.

“Acreditamos que o verde é uma característica inerente dos nossos projetos, principalmente após a pandemia. Quando optamos por trazer isso para a arquitetura, estamos garantindo mais qualidade de vida para moradores e cidades”, afirma o arquiteto Leo Maia, defensor do conceito. “Buscamos promover ‘acupunturas urbanas’: empreendimentos que se posicionam de forma mais amigável no ambiente urbano, trazendo o verde de volta para o cenário e promovendo conexão com a natureza, mesmo dentro de casa”.

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