Fintech apontada como “banco paralelo do PCC” já recebeu R$ 120 milhões do governo Ratinho Junior

Fintech apontada como “banco paralelo do PCC” já recebeu R$ 120 milhões do governo Ratinho Junior

Um contrato de mais de R$ 100 milhões que o Governo do Paraná estava prestes a assinar para gerenciar o programa Cartão Comida Boa foi suspenso às pressas após a deflagração da operação Carbono Oculto, da Polícia Federal. A fintech BK Bank, vencedora da licitação, é apontada pelos investigadores como peça-chave em um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e adulteração de combustíveis ligado à facção criminosa PCC.

O Cartão Comida Boa é um programa social do Estado que garante R$ 80 mensais em cartão alimentação para famílias em situação de vulnerabilidade, alcançando os 399 municípios paranaenses. A assinatura do novo contrato estava programada após a homologação feita pelo secretário da Administração, Luizão Goulart, em 22 de agosto.

Operação da PF muda os planos

As revelações da Polícia Federal, porém, mudaram o curso do processo. Segundo os investigadores, a BK Bank movimentou R$ 46 bilhões não rastreáveis entre 2020 e 2024, atuando como um verdadeiro “banco paralelo” do PCC. Embora o contrato paranaense ainda não esteja formalmente sob investigação, o material apreendido na sede da empresa em São Paulo poderá incluir as negociações feitas com o governo estadual.

Diante da gravidade das suspeitas, o Palácio Iguaçu decidiu congelar imediatamente a contratação e acionou a Controladoria-Geral do Estado (CGE) e a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) para avaliar os próximos passos.

Relação antiga com o governo

O caso expõe que não seria a primeira vez que a BK Bank gerenciaria o Cartão Comida Boa. Em 2023, a fintech assinou o contrato nº 1.829 com o Estado, recebendo R$ 95,8 milhões em 12 meses, além de uma prorrogação de três meses que somou quase R$ 24 milhões extras. No total, o governo desembolsou cerca de R$ 120 milhões para a empresa somente nesse período.

Na época, não houve registro de problemas contratuais ou administrativos contra a fintech. Ao fim do contrato, a empresa optou por não renovar, mas voltou a participar da nova licitação de 2025 — vencendo novamente, desta vez com oferta de R$ 102 milhões.

Contratos também em municípios

A apuração do Blog Politicamente revela ainda que a BK Bank também firmou contratos com prefeituras do interior do Paraná. Até agora, a Polícia Federal não relacionou esses vínculos institucionais com o esquema criminoso investigado. As suspeitas se concentram nas operações privadas da empresa, sobretudo no setor de combustíveis.

Governo em posição delicada

A suspensão do contrato coloca o governo Ratinho Jr. em uma posição delicada: por um lado, precisa dar continuidade a um programa essencial para famílias em situação de pobreza; por outro, enfrenta o risco de associar recursos públicos a uma instituição acusada de servir como engrenagem financeira de uma facção criminosa.

Fonte : Blog Politicamente

Redação O Diário de Maringá

Redação O Diário de Maringá

Notícias de Maringá e região em primeira mão com responsabilidade e ética

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *