Quando o jornalismo falha: a importância da errata e o erro de apenas “apagar”

No jornalismo não há espaço para “apagar e fingir que nada aconteceu”. Quando um portal de notícias publica uma informação errada, a única atitude aceitável e ética é assumir o erro de forma transparente. É isso que distingue jornalismo sério de simples produção de conteúdo.
A errata existe justamente para corrigir, esclarecer e preservar a confiança do leitor. Ela mostra que o veículo respeita o público e que sua maior preocupação não é com a própria imagem, mas com a verdade. Ao contrário do que alguns pensam, publicar uma errata não enfraquece o jornalismo, fortalece.
O problema é quando veículos, como já ocorreu no Maringá Post, cometem um equívoco e, pressionados por outros portais que cobram a verdade, optam apenas por apagar silenciosamente o que escreveram de errado. Essa prática não é correção, é maquiagem. Ao reescrever a reportagem sem registrar o erro, o portal tenta esconder do leitor que falhou.
Publicação do antes :

Publicação depois de ser alertado. Onde está a errata?

E aqui cabe a pergunta: o que se pode considerar uma atitude dessas? No mínimo, falta de transparência. No limite, um desrespeito com o público.
O leitor que acessou a versão errada jamais saberá por que houve alteração. E o que é pior: sem errata cria-se a falsa impressão de que a informação publicada sempre foi aquela, quando na verdade não foi. É quase uma forma de manipulação.
No jornalismo digital, onde o conteúdo pode ser editado a qualquer momento, o risco de “reescrever a história” é ainda mais grave. E justamente por isso a obrigação de registrar o erro é maior. Quando um portal escolhe o caminho fácil de apagar sem explicar, ele mina sua própria credibilidade e reforça a percepção de que não presta contas a ninguém.
O público merece respeito. Quem publica notícia deve ter coragem não apenas para noticiar, mas também para reconhecer quando erra. O resto é encenação.
Um veículo deve ser independente de partidos, governos ou interesses econômicos, mas jamais pode ser independente da verdade.
Sem esse compromisso, a chamada independência vira apenas um rótulo vazio.