Empresas fortalecem marca empregadora para reter talentos

Empresas fortalecem marca empregadora para reter talentos

Empresas têm adotado estratégias voltadas à consolidação da marca empregadora, conceito que se refere à imagem institucional percebida por candidatos e colaboradores. A iniciativa ocorre em um cenário de alta competitividade no mercado de trabalho e de escassez de profissionais com determinadas qualificações.

A intensificação dessas ações está relacionada a transformações no ambiente corporativo, como o avanço tecnológico, a adoção de novos modelos de trabalho e a ampliação de demandas relacionadas à saúde mental e ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Organizações vêm ajustando suas práticas internas para atender a essas mudanças.

Segundo o Barômetro Global de Talentos, levantamento realizado pelo ManpowerGroup, 62% dos trabalhadores afirmam encontrar satisfação em seus trabalhos. Ainda assim, os dados indicam que somente o propósito não garante retenção. O estudo demonstra que profissionais buscam liberdade de escolha e ambientes que combinem múltiplos fatores: apoio à saúde mental, flexibilidade, desenvolvimento de carreira e capacitação constante.

Recomendação de colaboradores é indicador-chave

Um dos principais sinais de uma marca empregadora sólida é o nível de recomendação interna. A disposição dos profissionais em indicar a empresa como um bom lugar para trabalhar é considerada um termômetro da percepção sobre a organização.

Segundo Ana Guimarães, Diretora de Operações do ManpowerGroup Brasil, a recomendação espontânea reflete a consistência entre discurso e prática. "Quando os trabalhadores não enxergam um ambiente coerente entre o que se comunica e o que se pratica, há uma tendência de desengajamento e rotatividade. A indicação da empresa é uma forma de medir essa confiança", afirma.

Oportunidades de desenvolvimento influenciam permanência

A oferta de caminhos de crescimento na empresa também é apontada como fator determinante. Segundo o levantamento, apenas 62% dos trabalhadores percebem oportunidades claras de promoção ou evolução de carreira.

Para a especialista, programas estruturados de capacitação são essenciais. "Quando a organização oferece um plano consistente de desenvolvimento, ela não apenas retém talentos, mas também prepara sua força de trabalho para responder às demandas futuras do negócio", afirma Ana Guimarães.

Estresse coloca bem-estar no centro da agenda

Quase metade dos profissionais (49%) enfrenta diariamente o estresse no trabalho, segundo o relatório. O dado reforça o peso do bem-estar e da saúde mental na avaliação da marca empregadora. Guimarães ressalta que esse fator passou a ser condição básica: "colaboradores com apoio adequado tendem a ser mais produtivos e engajados. O bem-estar deixou de ser um diferencial e passou a ser uma expectativa comum", explica.

Experiência do candidato influencia imagem da empresa

A percepção da marca empregadora se forma desde a divulgação de uma vaga até a etapa de desligamento. Cada interação nesse processo compõe a imagem que candidatos e colaboradores constroem da organização.

Para Guimarães, cuidar da jornada do candidato é decisivo. "A forma como o processo seletivo é conduzido, com clareza de informações, tempo de resposta e qualidade do contato, impacta diretamente a reputação da empresa, mesmo para aqueles que não são contratados", avalia.

Construção da marca empregadora exige consistência

Os dados do Barômetro reforçam que a consolidação da marca empregadora não se baseia em ações pontuais, mas em práticas contínuas que perpassam todas as etapas da relação entre trabalhador e empresa.

Segundo Ana Guimarães, a marca empregadora é o reflexo da cultura organizacional. "A consolidação (da marca empregadora) exige planejamento de longo prazo e uma estratégia centrada nas pessoas. Escuta ativa, oportunidades de crescimento, ambientes saudáveis e coerência entre propósito e prática são os fatores que sustentam uma marca empregadora forte", conclui.

DINO