A ironia da Câmara: Vereadores presentes que, na prática, não fazem falta

Maringá, como qualquer cidade brasileira, tem a sua dose de drama político, e o cenário recente na Câmara de Vereadores nos dá um prato cheio para reflexão. A discussão sobre a falta de vereadores em sessões levanta um ponto fundamental: o que realmente significa o trabalho de um representante eleito? A resposta, ao que parece, é um trocadilho agridoce que a população já sente na pele.
A justificativa para as ausências, muitas vezes, é a mais nobre possível: viagens, compromissos externos, reuniões para trazer benefícios à cidade. E, de fato, o trabalho de um vereador de uma cidade do porte de Maringá não se resume ao plenário. A maior parte do trabalho acontece nos bastidores, fora do horário de sessão, em contato direto com as demandas da população. Nesses casos, a falta é justificável, e o vazio da cadeira é preenchido pelo progresso que se espera. São os vereadores que, mesmo ausentes, fazem falta.
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O problema, no entanto, surge com a outra ponta. Aqueles que, em sua dedicação quase militante, comparecem a todas as sessões, apresentam projetos de lei que parecem ter saído de um livro de autoajuda e usam a tribuna para discursos que se encaixam perfeitamente em um vídeo de 30 segundos para redes sociais. A ironia é que, mesmo com a presença constante, esses vereadores não fazem falta alguma. Suas contribuições, se é que podem ser chamadas assim, não trazem nada de novo, de útil ou de relevante para a população.
A reeleição, nesse contexto, deixa de ser uma questão de assiduidade e se torna um teste de relevância. Existem vereadores que merecem voltar, pois, com ou sem ausências, seu trabalho é genuíno e voltado para o bem-estar da cidade. E existem outros que, se não voltarem, ninguém sentirá a diferença. O que faz mais falta? A cadeira vazia de quem está trabalhando, ou a cadeira ocupada por quem está apenas fazendo barulho? A resposta, para a maioria dos eleitores de Maringá, parece ser dolorosamente óbvia.