Omite ou Mente? A contradição de Guilherme Machado

A transparência é o pilar que sustenta qualquer mandato eletivo. O episódio envolvendo o vereador Guilherme Machado (PL), de Maringá, coloca em xeque a fé pública ao expor uma grave contradição entre sua declaração de bens à Justiça Eleitoral e as informações que, supostamente, ele teria deixado “escapar” no seu cotidiano. A polêmica reside na gritante disparidade entre: a declaração oficial de candidatura, onde o vereador afirma não possuir bens; e a menção a um valor de IPTU de R$ 1.800,00 referente à residência onde vive.
O Risco da Contradição e a Implicação Legal
A menção ao pagamento do IPTU é um detalhe crucial. O Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) é, em princípio, uma obrigação do proprietário ou do possuidor do imóvel. Ao citar esse valor, o vereador sugere uma relação patrimonial ou de posse com o bem que reside, o que colide frontalmente com o documento oficial entregue à Justiça Eleitoral. O dilema em questão transcende o erro burocrático e se torna uma falta com a verdade em duas esferas, ambas prejudiciais à democracia.
As Duas Frentes do Dano à Democracia
Primeiramente, há o dano ao eleitorado, que gera uma sensação de engano e manipulação. O eleitor confia que a situação financeira declarada é a real, e qualquer discrepância mina a credibilidade e a relação de confiança. Em segundo lugar, há o dano à Justiça Eleitoral. A omissão ou falsidade em uma declaração de bens não é um mero deslize. A legislação eleitoral é rigorosa, pois busca garantir a transparência do patrimônio dos agentes públicos. A omissão de um bem pode, dependendo do contexto, configurar crime eleitoral, passível de levar à cassação do mandato e à inelegibilidade.
O Foco do Questionamento e o Transporte
Além da controvérsia sobre a residência, a falta de clareza sobre o patrimônio levanta dúvidas adicionais que reforçam a necessidade de transparência sobre como o vereador se locomove para as reuniões da Câmara. Se ele utiliza um carro próprio, de quem é o veículo e por que não foi declarado? Ele adquiriu o carro depois de assumir o mandato (o que exigiria uma explicação sobre a fonte dos recursos)? Ou ele se desloca por aplicativos de transporte (Uber) ou meios alternativos?

O silêncio sobre questões tão sérias, ligadas diretamente ao patrimônio e à conduta pública, tem o potencial de ser interpretado pela comunidade maringaense como uma confirmação das contradições. A população e a imprensa esperam do vereador Guilherme Machado uma explicação transparente e detalhada, com a confirmação ou negação inequívoca sobre a posse de bens e a relação com o imóvel e o IPTU mencionado. A coerência entre sua palavra e os documentos oficiais é o mínimo exigido para restaurar a confiança em seu mandato.
Diante da gravidade das alegações e do risco legal, o vereador vai se manifestar para esclarecer esses questionamentos e dissipar a insegurança que paira sobre seu patrimônio, ou também não tem nada a declarar?