Vereador Guilherme Machado : Nada a declarar, mas muito a explicar

Vereador Guilherme Machado : Nada a declarar, mas muito a explicar

A manchete resume com precisão a encruzilhada em que se encontra o vereador Guilherme Machado. Ele declarou à Justiça Eleitoral que não possuía “nada a declarar”: patrimônio, dinheiro em conta, bens. Esta é a versão oficial de sua vida financeira.
Contudo, a realidade que surge com o fato de ele dirigir um Fiat Fastback Drive, ano 2023, que está em seu nome, um veículo que no mercado custa cerca de R$ 107.000,00, substituiu essa declaração de ausência de bens por uma montanha de questionamentos. O vereador pode ter declarado que não tinha nada, mas agora tem muito a explicar.


Na vida pública, a coerência é o pilar da credibilidade. A lei eleitoral não exige que o candidato seja rico ou pobre, mas exige que ele seja transparente sobre sua condição patrimonial. Isso serve para que o eleitor saiba quem está elegendo e, mais crucialmente, para que os órgãos de fiscalização possam monitorar qualquer enriquecimento incompatível com a renda durante o mandato.
A situação do vereador Machado se resume a um dilema incontornável. Se ele tinha os R$ 107 mil (ou o valor de entrada) na época da campanha, ele omitiu essa informação da Justiça Eleitoral. Omitir patrimônio é uma falha grave de transparência que trai a confiança do processo democrático e do eleitorado. Se o carro zero quilômetro foi comprado a prazo, a pergunta que não se cala é: de onde veio a entrada, e, sem patrimônio anterior declarado, como ele demonstrou capacidade financeira para assumir uma dívida tão alta? Um carro de R$ 107 mil registrado em seu nome é a antítese do “nada a declarar”.
Neste ponto, a explicação não pode ser genérica. O público e a imprensa não aceitarão evasivas. A prestação de contas deve ser documental: o contrato de compra do veículo, os extratos que comprovem a origem do dinheiro da entrada e, se for o caso, o contrato de financiamento. Se ele conseguiu este dinheiro no decorrer do mandato, ele precisa explicar a fonte desta renda extra, detalhando a sua origem para afastar qualquer suspeita de irregularidade.

Guilherme Machado
Guilherme Machado


A Urgência da Explicação
O caso não é apenas sobre um carro, mas sobre a confiança no mandato. Um agente público que começa seu mandato sob a sombra de contradições patrimoniais se enfraquece. Primeiro, a dúvida levantada sobre a possível posse de imóveis em Maringá ou Sarandi (suspeita que surgiu de um comentário sobre IPTU); agora, o carro de alto valor em seu nome. Isso sugere um padrão de incoerência que exige um basta.
O vereador Guilherme Machado tem a obrigação de vir a público sanar a discrepância em torno de seu patrimônio. É o mínimo que se espera de um ocupante de cargo eletivo.

Ele precisa declarar a origem dos R$ 107 mil e responder com clareza se possui ou não imóveis em Maringá ou Sarandi. Embora possa ter declarado “nada a declarar” à Justiça Eleitoral, a voz da cidade clama por explicações.

Afinal, a transparência custa mais que R$ 107 mil; custa a credibilidade de um mandato. Ao contrário do que informou à Justiça Eleitoral, o vereador Guilherme Machado agora tem muito mais do que bens a declarar: ele tem o dever de justificar os R$ 107 mil e esclarecer sua situação imobiliária, em nome de sua credibilidade perante o eleitorado de Maringá.

Redação O Diário de Maringá

Redação O Diário de Maringá

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