Investigação sobre fraude em licitação flagra e-mail de Silvio Barros II a advogado da TCCC
Nathalia Passarinho, Fausto Carneiro, Erick Gimenes e Thais Kaniak, do G1, obtiveram documentos exclusivos que apontam para a existência do esquema de fraude em licitações para exploração do transporte coletivo urbano em 19 cidades do país – entre elas, Maringá.
O ex-prefeito Silvio Barros II (PP) foi flagrado trocando e-mails com o advogado da empresa que disputou e venceu a licitação. Maringá realizou a concorrência pública nesta área em 2011, na segunda gestão de SB II, por determinação judicial.
Hoje, no site G1, são publicados trechos de e-mail trocados entre assessores de Silvio Barros II e do próprio ex-prefeito com Sacha Reck, advogado da empresa que venceu a licitação. A mensagem indica preocupação do prefeito com contestações à vitória da TCCC, que já operava o sistema de transporte de Maringá.
“SACHA, MUTO IMPORTANTE. EM ALGUMA DESTAS LICITAÇÕES A EMPRESA QUE ESTAVA OPERANDO PERDEU ? SE EM TODAS QUEM ESTAVA NA OPERAÇÃO GANHOU ACHO QUE VAMOS ACABAR REFORÇANDO O ARGUMENTO DA AÇÃO POPULAR. FAVOR RESPONDER
URGENTE SILVIO BARROS”, diz o então prefeito, no e-mail endereçado a Sacha Reck.
Outro e-mail publicado hoje pelo site informa que Silvio Barros II pediu uma reunião sigilosa para tratar do assunto. “Sacha, bom dia hoje pela manha recebi ligação do Secretario Walter Guerlles me convidando para uma reunião em Maringá na quarta ou quinta feira eu marquei para quinta feira ele não quis me adiantar o assunto mas em pediu sigilo e disse que o Prefeito solicitou, o que será que esta ocorrendo, eu perguntei se seria necessária sua presença e ele disse que não é que será uma reunião sigilosa, te mantenho informado”, diz Antonio Carlos Marchezetti, sócio da Logitrans, empresa contratada pela Prefeitura de Maringá.
Conforme troca de e-mails aos quais o G1 teve acesso e investigações de promotores, a Logitrans, empresa da qual o engenheiro Garrone Reck foi sócio, era contratada pelas prefeituras para fazer estudos de logística e projeto básico de mobilidade, enquanto o filho dele, Sacha Reck, advogava para empresas interessadas. A Logitrans recebeu R$ 139,6 mil da prefeitura.
De acordo com as investigações, com apoio de funcionário da prefeitura, Sacha Reck tinha acesso antecipado ao edital e, inclusive, ajudava na elaboração do documento.
Os documentos permitem deduzir que o esquema existe, pelo menos, desde 2007.
Apesar dos e-mails obtidos nas investigações, Silvio Barros II negou irregularidades e prometeu colaborar com as investigações. Leia mais.
O blog soube que, além da ação civil pública em andamento em Guarapuava, a Promotoria do Patrimônio Público de Maringá deverá abrir procedimento tendo como alvo o ex-prefeito e ex-secretário de Planejamento do Paraná, no desdobramento da Operação Riquixá, realizada recentemente pelo Gaeco.