A ideia de jerico de Fahur contra os mais pobres

A proposta do deputado federal Sargento Fahur (PSD)de tirar o direito ao voto de quem recebe benefícios sociais, como o Bolsa Família, é uma verdadeira ideia de jerico, daquelas que envergonham qualquer democracia séria. É absurda, elitista e profundamente desumana. Revela não apenas desprezo pelos mais pobres, mas também uma perigosa confusão entre autoridade e autoritarismo.
O voto é o maior símbolo da cidadania. É o que dá voz a quem não tem poder econômico, é o que permite que o trabalhador, a dona de casa, o agricultor e o desempregado digam o que querem para o país. Retirar esse direito porque alguém depende de ajuda do Estado é o mesmo que dizer que pobreza é crime e que o pobre não tem valor como cidadão.
O Bolsa Família não é um favor, muito menos uma esmola. É uma política pública que garante o mínimo de dignidade para milhões de famílias. Quem depende dele não é menos brasileiro, nem menos consciente do que acontece no país. Ao contrário, é quem sente na pele o resultado das más decisões políticas e quem mais precisa ser ouvido.
Quando um deputado eleito pelo povo propõe algo assim, esquece que democracia não é privilégio de quem tem dinheiro no bolso. É direito de todos. E, no caso de Fahur, soa ainda mais contraditório: ele chegou ao Congresso graças ao voto de milhares de brasileiros comuns, muitos deles justamente os que agora ele tenta calar.
Se o deputado realmente se preocupa com o futuro do país, deveria usar sua voz para propor soluções que reduzam a pobreza, não para punir quem a enfrenta. Combater desigualdade com exclusão é o cúmulo da insensatez e o retrato perfeito de uma ideia de jerico travestida de discurso moralista.
Porque, no fim das contas, quem quer calar o pobre tem medo da democracia, e quem tem medo da democracia não merece falar em nome do povo.