O Preço da Segurança e a nossa responsabilidade

A aspiração por uma vida mais segura e tranquila é o que move a maioria das pessoas. Cobramos incessantemente que o poder público atue de forma rigorosa e encontre soluções definitivas para a criminalidade. No entanto, quando essas soluções batem à nossa porta, somos confrontados com uma reação que revela um profundo e humano dilema: queremos segurança, mas não queremos nos envolver com o processo de construção dela.
O debate em Maringá sobre a Casa de Semiliberdade nos oferece um exemplo doloroso. Este equipamento social, amparado pela lei, é vital para a ressocialização de adolescentes que cometeram infrações. Não é uma cadeia, mas um espaço cuidadosamente monitorado onde esses jovens têm a chance de estudar, trabalhar e se reconectar com suas famílias. É, fundamentalmente, um investimento na segurança de amanhã, pois a ressocialização é a forma mais eficaz de quebrar o ciclo da reincidência.
Ainda assim, o projeto gera medo e forte resistência. A preocupação legítima de quem vive no bairro se mistura com o preconceito e o famoso sentimento de “Não no Meu Quintal”. Queremos que o problema da criminalidade desapareça, mas rejeitamos a presença das ferramentas necessárias para lidar com quem está tentando se reerguer. É como exigir um hospital na cidade, mas protestar contra a instalação de uma UTI perto de casa. Oportunismo político e a falta de informação se aproveitam desse medo para minar um projeto que, a longo prazo, beneficiaria a todos.
Essa postura, embora compreensível do ponto de vista da autoproteção imediata, impede que a cidade avance em direção a uma segurança verdadeiramente sustentável. Ao rejeitar esses espaços, nós apenas empurramos o problema para outro lugar ou, pior, condenamos esses jovens a um futuro sem alternativas, aumentando a probabilidade de que retornem à vida de crimes. A segurança que tanto almejamos não virá apenas com repressão, mas sim com a coragem e a empatia de dar uma segunda chance e de aceitar que a solução para um problema social complexo exige a participação de toda a comunidade. É preciso que nossa humanidade vença o medo para que a segurança de todos se torne realidade.
Imagem: André Almenara
Fonte da pauta : www.maringanews.com.br