Casos de gripe e viroses disparam no fim do ano e reforçam alerta sobre vacinação
Casos de gripe e viroses disparam no fim do ano e reforçam alerta sobre vacinação
Segundo o Ministério da Saúde, cobertura vacinal contra a gripe segue abaixo de 42% no país
De acordo com levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Brasil registrou mais de 172 mil casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em 2025, sendo 53,3% deles causados por vírus respiratórios, com destaque para o Vírus Sincicial Respiratório (44,2%) e a Influenza A (24%). Apesar do cenário de alerta, a cobertura vacinal contra a gripe permanece abaixo do ideal, alcançando apenas 41,28% do público prioritário, segundo dados do Ministério da Saúde, divulgados pela Agência Brasil.
Segundo a enfermeira especialista em vacinação da Clínica Vacinne, Elisa Lino, o aumento dos casos de gripe e viroses no fim do ano está ligado a fatores como variações climáticas, permanência em ambientes fechados, viagens e festas, que intensificam o contato entre pessoas e favorecem a transmissão de vírus. “Esses elementos, somados à circulação simultânea de diferentes vírus respiratórios, elevam a demanda por atendimento clínico e hospitalar, especialmente entre grupos vulneráveis. A conjugação de eventos sociais e maior circulação viral exige atenção preventiva: manter a vacinação em dia e adotar medidas básicas reduz consideravelmente o risco de casos graves e de internações”, explica.
No plano clínico-epidemiológico, Elisa destaca que a coexistência de influenza, vírus sincicial respiratório (VSR) e rinovírus demanda estratégias específicas. “A influenza, quando apresenta subtipos mais virulentos, pode provocar síndromes gripais severas e agravar doenças crônicas. O VSR é uma ameaça importante à saúde infantil, frequentemente associada a bronquiolites e pneumonias em bebês, e o rinovírus, embora cause quadros mais leves, amplia a circulação viral e pode agravar condições respiratórias em asmáticos e portadores de DPOC”, detalha.
A vacinação, segundo a especialista, vai além da proteção individual: ao imunizar crianças, gestantes, idosos e pessoas com comorbidades, se reduz a transmissão em ambientes coletivos e preserva-se a capacidade de resposta dos serviços de saúde. “A vacina contra a gripe continua sendo a principal ferramenta para reduzir hospitalizações e complicações. Sua atualização anual protege contra as cepas previstas para a estação. O ideal é se vacinar antes do pico de circulação dos vírus, garantindo uma imunidade mais eficaz”, reforça Elisa.
Além da vacinação, medidas simples continuam eficazes, como lavar as mãos com frequência, evitar contato físico em caso de sintomas, manter ambientes ventilados e buscar atendimento médico diante de febre alta persistente, falta de ar, confusão mental ou agravamento de doenças pré-existentes. “Em locais com crianças pequenas ou idosos, onde o risco de complicações é maior, combinar vacinação com cuidados ambientais é essencial para evitar surtos locais”, complementa a enfermeira.
Entre as vacinas recomendadas para o período estão a Influenza (gripe), indicada anualmente para pessoas a partir de seis meses de idade; a vacina contra a Covid-19, com doses de reforço conforme calendário local; a pneumocócica, recomendada para idosos e portadores de doenças crônicas; e a dTpa (tríplice – difteria, tétano e coqueluche), indicada para gestantes e adultos que necessitam atualizar o esquema vacinal. Também é importante manter em dia as vacinas do calendário básico, como sarampo, caxumba, rubéola, hepatites e varicela — para evitar que outras doenças se somem ao cenário respiratório.


