Coronavírus: alta de preços pressiona redes de saúde e ameaça ações contra covid no país
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Comprar remédios, equipamentos hospitalares e insumos ficou mais caro no Brasil, em comparação aospreços praticados antes da pandemia da covid-19.Hospitais e secretarias de Saúde relatam inflação de até quase 2.000% em produtos, fato que tem causadoproblemas em unidades públicas e privadas de saúde, que temem uma redução na capacidade deatendimento a pacientes.
Um dos problemas enfrentados é que, além de mais caros, produtos como os EPIs (equipamentos de proteção individual) precisam ser comprados em maior quantidade, visto o alto grau de contaminação do novo coronavírus. A escalada nos preços está pressionando estados e municípios, que acabam gastando mais do que o orçamento previsto para a Saúde. “Precisamos fazer uma escolha dura: ou aguardamos por preços menores, mas aí deixamos de ter o serviço ou o bem à disposição; ou pagamos o que o mercado pede no momento. É uma escolha bem complicada, e estamos tentando ao máximo ter transparência e seguir recomendações dos órgãos de controle. Mas a procura por esses itens está sendo muito maior, e o mercado está praticando sobrepreço”, afirma Januário Cunha Neto, presidente do Cosems (Conselho de Secretários Municipais de Saúde) do Amazonas.
Nos estados a situação é a mesma. “Lamentavelmente tivemos uma escalada de preços nessa pandemia. Isso se explica, de certa forma, pela grande demanda e por restrição da oferta”, comenta o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo. Ele aponta uma questão mundial: a concentração da produção de insumos para a Saúde em um único país. “Uma coisa que precisaremos rever depois dessa pandemia é a dependência em relação à China. Não se pode deixar insumos essenciais na mão de uma única potência econômica.” Longo menciona, por exemplo, a elevação de preços de produtos indispensáveis, como as máscaras N-95. “Esse é dos artigos mais essenciais e custava em torno de R$ 3. Hoje, a gente tem encontrado a R$ 19 para fazer a compra. Outros insumos têm valores muito acima, cinco, seis vezes mais, e muitas vezes a gente precisa fazer importação”, acrescenta o secretário de Pernambuco. Hospitais privados A situação é semelhante para os hospitais privados, informam representantes do setor. “Em fevereiro deste ano, comprávamos máscaras cirúrgicas a R$ 0,24, e agora compramos com preço próximo de R$ 5”, afirma Severino Moura, superintendente de Assistência e Suprimentos da Santa Casa de Maceió. “Não teve outro jeito: ou pagávamos o preço absurdo, ou deixaríamos os colaboradores sem proteção adequada. No caso de luvas, tivemos um aumento de custos seis vezes maior do que tínhamos em dezembro do ano passado”, completa. Segundo Moura, além dos preços altos, há dificuldades para encontrar os materiais e medicamentos mais utilizados. “Fizemos uma grande compra no final do mês de março via importação, para conseguir evitar esse aumento de preços absurdos. Mesmo assim, são preços maiores que os praticados antes da pandemia.” De acordo com Alexandre Pessurno, diretor administrativo e financeiro do Hospital Nossa Senhora Aparecida, de Petrópolis (RJ), o aumento também atingiu medicamentos essenciais para os hospitais. “Para você ter uma ideia, comprávamos o medicamento omeprazol de frascos a R$ 6,02. Recebi a tabela do meu representante e está a R$ 32,65”, relata. Diante do atual cenário, ele afirma que prevê problemas a médio prazo para manutenção das unidades. “Os hospitais não estão mais comportando esses reajustes, principalmente os que são direcionados ao sistema público de saúde. É o nosso caso aqui, que tem 100% do atendimento voltado para o SUS”, explica Pessurno. A tabela SUS é quem define os valores pagos pelo poder público por um procedimento ou serviço. “Para um paciente de clínica médica, hoje a tabela SUS nos remunera em R$ 56 por dia. E eu tenho que dar o café da manhã, o almoço, o café da tarde, o jantar, uma ceia noturna. Tenho que manter os profissionais, pagar conta de água, de luz, os medicamentos, materiais… Está chegando a um momento em que os serviços vão paralisar. Vai entrar em colapso, ainda mais com essa situação agora da covid-19”, lamenta o diretor administrativo e financeiro do hospital localizado em Petrópolis (R