Governo Temer terá ministros de FHC, Lula e Dilma.
Vice-presidente organiza formação de governo e quer integrar legendas como o PSB e o PV. Só ficarão de fora nomes ligados ao PT, partido de Dilma, e do PCdoB, legenda leal aos petistas desde a primeira eleição presidencial
Um mês antes da decisão do Senado de afastar ou não a presidente Dilma Rousseff do cargo, o vice-presidente Michel Temer já forma sua equipe ministerial e vai escolher nomes que ocuparam o primeiro escalão dos governos dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Lula da Silva e da atual chefe do Executivo. Só ficarão de fora nomes ligados ao PT, partido de Dilma, e do PCdoB, legenda leal aos petistas desde a primeira eleição presidencial.
Além dos aliados que ajudam Temer na articulação pró-impeachment, como Geddel Vieira Lima, que deverá ocupar a Secretaria de Relações Institucionais no lugar de Ricardo Berzoini, Elizeu Padilha, cotado para a Casa Civil, e Moreira Franco, aspirante ao posto de ministro da Ciência e Tecnologia, o vice presidente pretende levar o senador José Serra (PSDB-SP) como representante oficial dos tucanos ou para a pasta da saúde, que ele ocupou na gestão FHC, ou na educação, onde o parlamentar paulista teria grande visibilidade eleitoral.
Fazenda e Previdência
Para o ministério da Fazenda, Henrique Meireles é o nome que tem melhor aceitação pelos articuladores da futura gestão Temer. Ele foi eleito deputado pelo PSDB de Goiás, mas renunciou ao mandato para ocupar a presidência do Banco Central, posto que ficou durante os oito anos da gestão do ex-presidente Lula. Meireles não é de inteira confiança do PMDB.
Para compensar o distanciamento e a falta de intimidade com Temer, o vice-presidente foi aconselhado a nomear para o ministério do Planejamento alguém de confiança, e o nome é Romero Jucá (RR). Jucá assumiu a presidência do PMDB no lugar de Temer para poupar o vice- presidente das polêmicas com o PT e será recompensado por isto.
Também estão contados para ocupar vaga em um eventual govenro Temer o advogado criminalista Mariz de Oliveira, para a pasta da Justiça, e o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, para ocupar a Advocacia-Geral da União (AGU).
Médios e nanicos
O PSD, que está no governo Dilma com a pasta das Cidades deve continuar com a vaga na gestão Temer, mas ainda não está definido se com o mesmo ministro Gilberto Kassab. Outro aliado das gestões Lula e Dilma, o Partido Progressista abandonou o governo poucos dias antes da votação do pedido de impeachment na Câmara, a grande maioria da bancada de deputados da legenda votou pela saída da presidente, mas a sigla é cotada para cuidar do ministério da Agricultura. Ainda não foi escolhido o nome.
Legendas menores e menos influentes no Congresso como o PSB e o PR também estão nos planos de Temer e da cúpula do PMDB para ocupar uma vaga no primeiro escalão. Na Câmara a bancada dos socialistas votou quase inteiramente pelo afastamento de Dilma e no Senado o seu principal representante, o senador Fernando Bezerra Coelho (PE) apoiou a indicação do senador tucano Antônio Anastasia (MG) para relatoria da comissão especial que analisará o pedido de impeachment da presidente.
DEM
O Democratas também deve ir para o governo. Mas ao citar os nomes dos deputados José Carlos Aleluia (DEM-BA), Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Mendonça Filho (PE), além do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), o presidente do Democratas, senador José Agripino Maia (DEM-RN), provocou o primeiro mal-estar nas negociações para a formação do novo governo. É que a lista de ministeriáveis do DEM não é do partido, e sim de Agripino, e irritou o restante da bancada de deputados.
Para conseguir apoio com folga com a base parlamentar, Temer também estuda indicar representantes do PV e do PR para o ministério ou para cargos de segundo escalão em bancos públicos, estatais e fundações. Mesmo que estas legendas não sejam contempladas logo nos primeiros dias no possível novo governo, devem ser tentadas a ocupar postos em escalões inferiores.