O que é, afinal, ser conservador?
Ser conservador deveria significar preservar valores. Hoje, virou desculpa para destruir tudo o que o próprio Cristo ensinou. Falam em “conservar”, mas não conservam nada além do próprio ódio.
Se dizem guardiões da tradição, mas até Papai Noel eles querem repintar conforme a conveniência política do dia. Se dizem defensores da Bíblia, mas ignoram justamente as partes mais claras do Evangelho. Pegam a fé como se fosse arma, escudo ideológico, bandeira de guerra. O Evangelho não foi escrito para servir de munição.
E ainda se autoproclamam defensores da “liberdade”. Mas que liberdade é essa que só vale para eles? Porque, na prática, querem oprimir, silenciar, perseguir e combater qualquer pessoa que pense diferente, que tenha outro credo religioso, que leia o mundo de outro jeito. Dizem amar a liberdade, mas sonham em controlar a vida, a fé e até o pensamento dos outros. Isso não é liberdade. Isso é tirania travestida de discurso moral.
O Cristo que afirmam defender é o mesmo que disse ao ladrão na cruz: “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23:43). Ele não pediu atestado moral. Não pediu histórico político. Ele perdoou.
É o mesmo Cristo que impediu que apedrejassem a mulher adúltera: “Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro a lhe atirar uma pedra” (João 8:7). Depois disse: “Eu também não te condeno” (João 8:11). Ele não legitimou violência. Ele interrompeu a violência.
É o mesmo Cristo que deu a régua definitiva da fé: “Tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era estrangeiro e me acolhestes; estava nu e me vestistes” (Mateus 25:35–36). Mas isso, curiosamente, muitos autoproclamados conservadores não querem conservar.
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E uma questão central desmonta todo discurso de intolerância moderna: Jesus combatia outras religiões?
A resposta é absoluta: não.
Jesus conversou com samaritanos, elogiou a fé de gentios, colocou um estrangeiro como herói da parábola do bom samaritano. Ele nunca pregou intolerância religiosa. Nunca pediu exclusão. Nunca atacou crenças diferentes. Quem faz isso hoje não defende Cristo. Desobedece Cristo.
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Os conservadores de hoje rejeitam moradores de rua, demonizam pobres, justificam violência, pedem armas e tratam misericórdia como fraqueza. Dizem defender a liberdade, mas querem controlar tudo: como o outro vive, como acredita, o que pensa, o que prega, como sente.
Liberdade para eles significa obediência dos outros.
Que conservadorismo é esse?
Certamente não é o de Jesus.
Jesus não carregou espada.
Não incentivou violência.
Não expulsou ninguém.
Não perseguiu crenças.
Não silenciou quem pensava diferente.
Se Cristo escolheu perdoar quando todos queriam punir, acolher quando todos queriam excluir e dialogar quando todos queriam odiar, o que exatamente esses “conservadores” estão conservando?
Porque do Evangelho não é.
Da tradição cristã não é.
Do amor ao próximo não é.
Da liberdade não é.
Da tolerância religiosa não é.
Da misericórdia não é.
Estão conservando o quê?
O preconceito?
A intolerância?
A violência?
A perseguição aos diferentes?
O autoritarismo disfarçado de fé?
A raiva travestida de devoção?
Se conservadorismo virou apenas desculpa para justificar opressão, ódio e intolerância, então é preciso dizer com todas as letras: esses grupos não são conservadores.
São militantes do medo usando o nome de Cristo para defender exatamente tudo o que Cristo combateu.


