Maringaense Marcelo VIPs, considerado o maior golpista do Brasil, morre aos 49 anos em Curitiba

Maringaense Marcelo VIPs, considerado o maior golpista do Brasil, morre aos 49 anos em Curitiba

Marcelo Nascimento da Rocha, conhecido nacionalmente como Marcelo VIPs, morreu nesta terça-feira (9), em Curitiba, aos 49 anos, em consequência de complicações causadas por cirrose. Paranaense de Maringá, Marcelo ganhou projeção em todo o país por sua habilidade em assumir identidades falsas e aplicar golpes que impressionavam pela ousadia e pela complexidade. Sua história virou livro, documentário e filme de cinema, transformando-o em uma figura controversa da crônica policial brasileira.

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A vida criminosa de Marcelo VIPs começou ainda no Paraná, onde seus primeiros golpes chamaram atenção da polícia. Desde jovem, ele se infiltrava em eventos, hotéis e ambientes exclusivos fingindo ser empresário, piloto, delegado, herdeiro de família tradicional e outras dezenas de personagens. Com o tempo, acumulou uma extensa ficha criminal que incluía estelionato, falsidade ideológica, uso indevido de insígnias, associação criminosa, fraudes documentais e até envolvimento com tráfico de drogas. Somadas, suas condenações ultrapassaram três décadas de pena.

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O golpe que o tornou conhecido nacionalmente ocorreu no Carnaval de 2001, em Recife, quando se passou por Henrique Constantino, herdeiro e um dos fundadores da companhia aérea Gol. Ele frequentou camarotes VIP, conversou com artistas, ganhou espaço na imprensa e chegou a dar entrevistas ao vivo em rede nacional. A farsa só foi descoberta após investigação da Polícia Federal, que revelou que o suposto empresário era, na verdade, um golpista procurado.

Ao longo dos anos, VIPs assumiu mais de cem identidades diferentes e protagonizou episódios que chamaram atenção das autoridades. Em 2003, durante uma rebelião em uma penitenciária no Rio de Janeiro, chegou a se apresentar como líder de facção criminosa. Em outras ocasiões, fingiu ser funcionário de organizações internacionais, membro de forças de segurança e até piloto de avião para ter acesso a ambientes restritos. Sua capacidade de improvisar e convencer interlocutores fez com que fosse estudado por policiais e especialistas em comportamento criminoso.

Lindolfo na região

Sua vida ganhou as telas em 2011 com o filme VIPs, dirigido por Toniko Melo e estrelado por Wagner Moura. Antes disso, a jornalista Mariana Caltabiano havia publicado o livro VIPs – Histórias Reais de um Mentiroso, que também inspirou um documentário lançado em 2010. Marcelo chegou a afirmar que o filme não retratava fielmente sua história, alegando distorções sobre detalhes pessoais e familiares.

Mesmo após cumprir parte das penas e tentar retomar a vida fora do crime, Marcelo voltou a ser detido diversas vezes. Em 2018, foi preso na Operação Regressus, acusado de fraudar documentos para obter progressão de regime. Em 2025, meses antes de sua morte, a Justiça autorizou o bloqueio de suas contas e a penhora de uma arma de fogo em processos por supostas fraudes no Mato Grosso, demonstrando que ele ainda enfrentava investigações e ações na Justiça.

A morte de Marcelo VIPs encerra a trajetória de um personagem que, por décadas, transitou entre o crime e o imaginário popular. Sua história provocou fascínio, indignação, curiosidade e debate sobre os limites da credibilidade, da manipulação e das falhas do sistema penal brasileiro. Mesmo após sucessivas prisões e condenações, continuou sendo visto como símbolo da ousadia criminosa que desafia instituições, pessoas e a própria lógica do possível.

Redação O Diário de Maringá

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