Afinal, Giselli Bianchini fala a verdade na tribuna?
“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”
(João 8:32)
O versículo bíblico voltou a circular hoje nos corredores da Câmara de Maringá. Quatro pessoas estiveram no Legislativo exibindo cartazes em apoio à vereadora Giselli Bianchini, e um deles trazia exatamente essa passagem bíblica. A cena chamou atenção pela ironia. Enquanto os apoiadores pediam que a verdade aparecesse, a pergunta que surgia entre servidores e visitantes era outra: será que Giselli conhece a verdade? Ou melhor, será que ela conta a verdade?
A vereadora afirma publicamente ter “mais de 100 projetos”, mas os números disponíveis no portal oficial da Câmara Municipal, por meio do SAPL, mostram algo bem diferente. Os registros públicos indicam que, em 2025, ela apresentou 56 projetos como autora e 10 projetos como coautora, totalizando 66 projetos. O restante, que eleva o número total para 239 proposições, é composto de indicações, requerimentos e atos administrativos que tecnicamente não são projetos. Chamar tudo isso de “projeto” é, no mínimo, um exercício criativo de comunicação política, ou falta de conhecimento de Giselli.
Diante dessa discrepância surge uma pergunta inevitável. Quem está se afastando da verdade? A vereadora, ao divulgar números que não correspondem ao sistema oficial? Ou o próprio portal da Câmara, que então precisaria ser corrigido?
A verdade é objetiva, verificável, pública e transparente. A narrativa não é.
Quando apoiadores levantam cartazes clamando pela verdade, o gesto deveria servir para todos: tanto para quem questiona quanto para quem é questionado. A verdade liberta, mas também constrange quando não se alinha ao discurso.
Resta, portanto, a dúvida que ainda ninguém conseguiu dissipar. Afinal, de que verdade estamos falando? E quem está escolhendo se afastar dela?
Imagem da Manchete: Maringá News do Jornalista Angelo Rigon


