Comunicação falha levanta dúvida Guto Silva é menos limpo, leve e preparado?
A comunicação, que deveria ser um instrumento de aproximação e confiança, virou um problema real para o secretário das Cidades, Guto Silva, pré-candidato ao governo do Paraná. Não foi um ataque de adversários nem uma crise externa. Foi um erro próprio, simples, evitável e, por isso mesmo, mais grave.
O problema se agrava quando, mais abaixo, a mesma peça destaca a frase “PODE COMPARAR” em letras maiúsculas, enquanto “Guto” aparece em letras minúsculas, acompanhado da afirmação de que ele seria “o melhor para o Paraná”. Em comunicação visual, letras maiúsculas representam força, autoridade, protagonismo e comando. Já o uso de minúsculas, especialmente em contraste direto, sugere diminuição, secundarização e falta de centralidade.

Esse tipo de erro não é apenas técnico. Ele revela uma distância perigosa entre o discurso político e a percepção das pessoas. Política não se faz apenas com intenções, mas com compreensão do olhar do outro. Quando a comunicação não consegue se colocar no lugar do eleitor, ela deixa de ser humana e passa a ser arrogante ou desatenta.
Em um momento sensível da pré-campanha, quando Guto Silva precisa construir identidade, reduzir rejeição e mostrar preparo para liderar o Paraná, um tropeço assim pesa. Não porque uma arte define um candidato, mas porque ela simboliza algo maior. Simboliza falta de cuidado, ausência de escuta e um certo isolamento de quem deveria estar conectado à realidade cotidiana.
A política é feita de símbolos simples. O eleitor não analisa briefing, não conhece estratégia de marketing e não perdoa mensagens confusas. Ele sente. E o sentimento gerado por essa peça foi desconforto, dúvida e ironia. Tudo o que um pré-candidato ao Palácio Iguaçu não pode produzir em si mesmo.
Mais do que trocar designers ou ajustar slogans, o episódio exige reflexão. Comunicação eficiente nasce da empatia, da humildade e do entendimento de que ninguém vota em conceitos abstratos, mas em pessoas. Se Guto Silva pretende se apresentar como alternativa real de governo, o primeiro passo é garantir que sua própria mensagem não trabalhe contra ele.


