Caminhoneiros defendem ajustes na MP da Renovação de Frota e destacam diálogo aberto com o governo Lula
O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido nacionalmente como Chorão, afirmou que os caminhoneiros estão atentos e mobilizados em relação à Medida Provisória nº 1328, que trata da renovação da frota de caminhões no Brasil. Um dos principais líderes da greve dos caminhoneiros de 2018, Chorão voltou a se posicionar publicamente em defesa da categoria, agora destacando o diálogo aberto com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em pronunciamento feito no dia 23 de dezembro de 2025, Chorão afirmou que só decidiu se manifestar após obter informações mais concretas. Segundo ele, a Abrava tem mantido conversas diretas com a Casa Civil, em um ambiente que classificou como positivo e de portas abertas para o diálogo institucional.
“A conversa foi muito boa. Hoje a gente tem acesso ao governo para tentar destravar questões importantes para a categoria”, afirmou o presidente da Abrava, ao relatar os encontros com representantes do Executivo federal.
A Abrava representa caminhoneiros e transportadores de todo o país e tem atuação direta na defesa do Transportador Autônomo de Carga (TAC). De acordo com Chorão, a principal preocupação da entidade é que, da forma como foi estruturada, a MP da Renovação de Frota não beneficie o caminhoneiro autônomo, justamente o segmento mais numeroso e vulnerável do setor.
Entre os pontos debatidos com o governo está a taxa de juros dos financiamentos, que deve variar entre 12% e 14%. Chorão também chamou atenção para o prazo de validade da medida provisória, que é de 60 dias, prorrogável por mais 120, o que pode comprometer o acesso efetivo aos recursos se não houver um mecanismo de reserva específica para os autônomos.
Segundo a proposta em discussão, o programa contará com cerca de R$ 6 bilhões, sendo R$ 3 bilhões destinados ao Transportador Autônomo de Carga, R$ 2 bilhões para empresas de transporte de carga (ETC) e R$ 1 bilhão para outros segmentos. A Abrava defende que o valor reservado ao TAC seja efetivamente travado, evitando que os recursos sejam absorvidos majoritariamente por grandes empresas.
Outro ponto destacado por Chorão é a realidade da frota brasileira. Muitos caminhoneiros autônomos possuem caminhões antigos, porém quitados e em boas condições de manutenção. Para ele, o modelo atual de financiamento não dialoga com essa realidade, ao impor parcelas que podem chegar a R$ 8 mil, R$ 10 mil ou até R$ 12 mil mensais.
A entidade propõe um financiamento diferenciado, com prazos mais longos e parcelas menores, compatíveis com a renda do caminhoneiro autônomo. Também foi apresentada ao governo a proposta de renegociação de dívidas para transportadores com restrições no nome, inspirada em programas sociais já existentes. A iniciativa foi apelidada por Chorão de “Nosso caminhão, nossa vida”.
A agenda de articulações segue intensa. Estão previstas reuniões na Casa Civil nos dias 25 e 26 de dezembro, além da apresentação do tema no Fórum do Transporte Rodoviário de Cargas (TRC), no dia 27, onde a Abrava pretende ampliar o debate com representantes do setor e do governo.
Wallace Landim, que ganhou projeção nacional como um dos principais líderes da greve dos caminhoneiros de 2018, afirmou que a luta da categoria continua, agora em um ambiente de negociação institucional. Ao final de sua manifestação, ele desejou um Feliz Natal aos caminhoneiros e afirmou que a expectativa é que 2026 seja um ano de avanços concretos para o setor, fruto de uma mobilização que já dura vários anos.



