Quem são os defensores da cloroquina e ivermectina que foram vítimas da covid-19?
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Não há comprovação científica da eficácia do uso de cloroquina e hidroxicloroquina contra a covid-19, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e as instituições de saúde brasileiras. Ainda assim, há quem defenda o uso do medicamento, entre outros não comprovados, como ivermectina, para combater o vírus. Dessas, algumas morreram pela doença ou contraíram a covid-19 em sua forma grave.
Leda Nagle
A jornalista Leda Nagle, de 69, contraiu a doença e precisou ser internada. Em um vídeo publicado em suas redes sociais, ao lado do filho, Duda Nagle, afirmou que a ivermectina pode ter ajudado a controlar os sintomas mas, logo em seguida, foi advertida pelo filho.
“Você bateu na trave. Você não sabe! Você estava dormindo, perdeu a noção do tempo, da realidade, com um monte de remédio. Por um triz você não teve que ir para a intensiva. A máquina já estava em 55%… A partir de 60%, você ia ser dopada para ficar desacordada. Foi no limite!”, afirmou Duda.
Ele ainda afirmou que os sintomas da mãe “foram ‘médio’ para uma UTI em hospital. Não foi médio comparado à população que pega. Comparado a eles, [seus sintomas] foram graves”. Antes de contrair a doença, Leda Nagle entrevistou diversos médicos que defendem o uso da cloroquina.
A jornalista Leda Nagle, de 69 anos, precisou ser internada após contrair covid; defensora da ivermectina, foi advertida pelo filho: “Você bateu na trave” / Foto: TV Brasil / Reprodução
Arolde de Oliveira
Outro personagem foi o senador pelo PSD do Rio de Janeiro, Arolde de Oliveira, de 83 anos, que veio a falecer depois de contrair a doença. Ele chegou a defender o uso da cloroquina e ir contra o isolamento social.
Autoridades, alarmistas por conveniência, destruíram o setor produtivo e criaram milhões de desempregos. “O presidente Jair Bolsonaro, isolado pelo STF, estava certo desde o início”, postou no dia 19 de abril.
Pouco antes, no dia 10, ele publicou que “o tratamento do covid-19 com cloroquina divide a opinião dos especialistas”. “Fico com a sugestão do uso do medicamento desde o início, como quer o presidente Jair Bolsonaro além de isolamento social seletivo”.
Senador Arolde de Oliveira morreu aos 83 anos, vítima de covid-19 / Michel Jesus/Câmara dos Deputados
Gil Vianna
O deputado estadual fluminense Gil Vianna (PSL), que morreu aos 54 anos após contrair covid-19, chegou a ser tratado com cloroquina. Vianna era ex-oficial da Polícia Militar e do Exército e ferrenho apoiador de Jair Bolsonaro.
Deputado estadual Gil Vianna (PSL) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro / Reprodução/Facebook
Pastor Thiago
Outra vítima da doença foi o bolsonarista e pastor Thiago Andrade de Souza, de 36 anos, integrante do Movimento São Paulo Conservador. Nas redes sociais, Souza fazia propaganda do uso preventivo de ivermectina e cloroquina.
“Se você tomou ivermectina, azitromicina ou hidroxicloroquina, poste no Facebook e, se não precisou tomar e é a favor, poste que é a favor. Vamos forçar as prefeituras a começarem a prevenção urgente. E fazer a distribuição gratuita”, publicou nas redes sociais, no dia 25 de novembro.
Thiago Andrade de Souza, de 36 anos, era integrante do Movimento São Paulo Conservador / Reprodução/Facebook
Médico Lécio
Outro bolsonarista que foi vítima da covid é o médico Lécio Patrocínio, que morreu aos 68 anos de idade. Além de defender a cloroquina, ele também criticava o papel da Organização Mundial de Saúde (OMS) frente à pandemia.
Lécio Patrocínio / Reprodução
Criador do “kit covid”
Outro médico que veio a óbito em decorrência da doença foi Guido Céspedes, aos 46 anos. Ele ficou conhecido como o criador do “kit covid-19” com medicamentos como hidroxicloroquina, azitromicina, zinco, ivermectina e ibuprofeno.
Guido Céspedes / Reprodução
Campanha do governo federal pela cloroquina
Em meio ao aumento de casos e óbitos por covid-19, o governo federal lançou o aplicativo TrateCOV destinado a profissionais de saúde a fim de estimulá-los a prescreverem medicamentos sem eficácia cientificamente comprovada, como a cloroquina, a, ivermectina, azitromicina e doxiciclina.
Em nota, o Ministério da Saúde afirma que a medida “tem como objetivo fornecer mais um mecanismo que dará maior segurança e agilidade no diagnóstico da covid-19, visando reduzir o risco de internações e óbitos”.
Edição: Leandro Melito