Saneamento básico ainda é essencial no combate à poliomielite
Apesar da erradicação declarada há quase três décadas, o risco de volta da poliomielite no Brasil acendeu um alerta da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). De acordo com a entidade, em 2021, cerca de um milhão de crianças brasileiras deixaram de ser vacinadas contra a doença conhecida como paralisia infantil. O motivo principal teria sido o isolamento social e o medo de contaminação pela Covid-19. Diretamente ligado ao foco de transmissão, programas de saneamento básico são essenciais para a prevenção da doença, conforme aponta sistema de informação da Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz.
Segundo o Ministério da Saúde, desde 1990, o Brasil é considerado livre do vírus causador da poliomielite, um problema de saúde pública gravíssimo que preocupou a sociedade médica durante os séculos 19 e 20. O maior agravante no período era a precariedade da gestão de água e esgoto, falta de banheiros e más condições habitacionais. Mesmo com a instituição de políticas públicas de saneamento a partir da década de 40, a efetividade na prestação de serviços ainda era muito baixa em 1990, acarretando diversos problemas de saúde no país e milhares de internações por doenças de veiculação hídrica.
Com o sucesso da campanha de imunização e o desenvolvimento das vacinas aplicadas na população mais suscetível à poliomielite, crianças abaixo dos 5 anos, a doença passou a ser controlada e o saneamento se mostrou fundamental para a prevenção ao longo dos tempos. Nesse sentido o conjunto de infraestruturas, que inclui o esgotamento sanitário, foi primordial, já que o polivírus é transmitido via fecal-oral quando existe o contato com objetos, alimentos ou água contaminada. As sequelas motoras e incuráveis estão relacionadas à infecção da medula e do cérebro e se manifestam pela atrofia muscular, osteoporose, paralisia dos membros inferiores, dificuldade na fala e dores nas articulações.
“Além da poliomielite, o saneamento básico é fundamental para a contenção de enfermidades graves relacionadas à ausência de banheiros e estruturas de coleta de esgoto. Hoje o Brasil ainda possui grandes desafios em saúde, mas caminhamos para gerar mudanças e zerar os casos de internações por doenças de veiculação hídrica”, afirma Mateus Banaco, diretor geral da Atibaia Saneamento, operação do Grupo Iguá. O gestor da empresa responsável pelo sistema de esgotamento sanitário no município acrescenta ainda que os benefícios são notáveis, além da saúde, no quesito social, econômico e sustentável. Para ele, a prestação de serviços de qualidade deve atingir todos esses setores, gerando transformações efetivas na sociedade.
Em um panorama nacional, a situação da cobertura de esgoto ainda não é uma realidade para mais de 100 milhões de brasileiros, conforme os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS 2020). Porém, em Atibaia, o acesso aos serviços de esgotamento sanitário está disponível a mais de 72% da população e o tratamento dos efluentes coletados chega a 82%, seguindo o índice referido à água consumida.