Diagnóstico rápido pode evitar escalada da sepse
O Dia Mundial da Sepse (DMS) é celebrado anualmente no dia 13 de setembro e foi proposto pela Aliança Global para Sepse (Global Sepsis Alliance) para aumentar a conscientização sobre um problema de saúde pública que mata mais de 11 milhões de pessoas todos os anos no mundo, das quais 240 mil só em UTIs no Brasil.
A sepse, conhecida como infecção generalizada, é uma resposta inadequada do próprio organismo contra uma infecção que pode estar localizada em qualquer órgão e que traz risco de morte quando não descoberta e tratada rapidamente. Essa infecção pode ser bacteriana, fúngica, viral, parasitária ou por protozoários. ‟Por isso, o diagnóstico rápido e preciso pelos profissionais de saúde e o conhecimento do público leigo sobre os sinais e sintomas são determinantes para evitar mortes”, afirma a Dra. Daniela Carla Souza, intensivista pediátrica e presidente do ILAS (Instituto Latino Americano de Sepse), que realiza campanhas de conscientização e ajuda instituições de saúde a implantar o protocolo de sepse.
Grupos de risco
‟Qualquer pessoa pode ter sepse, mas existem alguns grupos de risco com maior chance de ter a doença”, afirma a Dra. Daniela Carla Souza, do ILAS. Os principais são ‟recém-nascidos, principalmente prematuros; crianças com menos de 2 anos; idosos; pacientes com alguma comorbidade; pacientes submetidos a transplante de medula e de órgãos sólidos; pacientes que fazem uso de terapias imunossupressoras e hospitalizados que utilizam antibióticos, cateteres ou sondas.”
Além disso, qualquer infecção, seja por vírus, bactérias ou outros agentes pode causar sepse. ‟Um paciente com COVID-19, em decorrência da infecção pelo SARS-CoV-2, pode ter seu sistema imunológico ‘enfraquecido’ e ficar mais susceptível a infecções bacterianas secundárias e evoluir com sepse”, explica.
Quanto mais os pacientes conhecerem os sinais e sintomas da sepse, mais rápido será o diagnóstico pelas equipes médicas. Entre eles estão: alteração da temperatura (febre alta ou temperatura baixa), aceleração do coração, respiração rápida, falta de ar, pressão baixa, fraqueza, tremores, confusão mental, sonolência, irritabilidade, dificuldade de despertar e diminuição da diurese.
‟É importante reconhecer a sepse precocemente para que o tratamento seja iniciado rápido. Qualquer atraso no diagnóstico e no tratamento pode aumentar as chances de o paciente falecer. Na sepse, tempo é vida”, alerta a médica. ‟Tanto que não há um tratamento específico para a sepse e sim um conjunto de medidas que devem ser iniciadas na primeira hora após a suspeita diagnóstica”, diz.
Resistência a antibióticos
Para a presidente do ILAS, um fato que tem causado preocupação e que merece atenção é o uso indiscriminado de antibióticos. ‟Temos observado um aumento da resistência antimicrobiana, situação em que os microrganismos sofrem alterações quando expostos a antibióticos e passam a não responder aos mesmos. Os patógenos adquirem características que os tornam resistentes aos antibióticos.”
‟É fundamental que o público entenda que só médicos podem prescrever antibióticos, pois essa escolha deve levar em consideração a história do paciente, o sítio da infecção, o risco de multirresistência, o tipo de infecção (se comunitária ou infecção associada à assistência à saúde). A prescrição deve ser otimizada: antibiótico correto, início rápido, dose correta, concentração correta, revisão diária da necessidade do antibiótico de acordo com o quadro clínico do paciente e possibilidade de descalonamento”, explica Daniela.
Se o diagnóstico e o tratamento forem realizados precocemente, a chance do paciente sobreviver a um quadro de sepse é mais alta. No entanto, se houver atraso no diagnóstico e no tratamento, a chance de morrer aumenta. ‟Conhecer a sepse e saber que se trata de uma emergência médica é fundamental. A prevenção pode ser feita por meio de adequadas condições de saúde: higiene das mãos, nutrição adequada, vacinação, uso correto e consciente de antibióticos (só prescrito por médicos)”, explica a médica.
Sequelas
A especialista também chama a atenção para as sequelas da doença, pois muitas vezes a alta hospitalar é o primeiro passo para uma longa jornada de reabilitação. A sepse pode não matar, mas deixa sequelas físicas, cognitivas e de saúde mental.
‟Os sobreviventes da sepse podem apresentar queixas como fraqueza, falta de ar, tosse, cansaço, limitações para execução de suas atividades diárias (como incapacidade de administrar seu próprio dinheiro, dificuldade de tomar banho de forma independente), dificuldade de engolir a comida, comprometimento da memória, da atenção, da fluência verbal, ansiedade, depressão e sintomas de transtorno de estresse pós-traumático.”
Estudos também demonstram que os sobreviventes têm um risco maior de adquirir novas infecções e uma chance maior de novas internações após o episódio de sepse. ‟As sequelas são geralmente reversíveis (podem durar meses ou anos), se identificadas e acompanhadas de forma adequada”, completa a especialista.
Para ampliar o conhecimento da sociedade acerca da sepse, o ILAS realizará no dia 14/09, às 20h, o webinar gratuito ‟Os perigos da sepse – Orientações para público geral e profissionais de saúde”. Mais informações e inscrições no link https://www.youtube.com/ilas-sepse.
Mais informações: https://reabilitasepse.com.br/