ADEPOL apela para que população cobre do Governo Beto Richa investimentos na Polícia Civil.
A Associação dos Delegados de Polícia (Adepol) denuncia que o sistema prisional no Paraná entrou em colapso. A construção e a reforma de 14 unidades prisionais, prometidas em 2014 durante a campanha de reeleição do governador Beto Richa, não saíram do papel. As delegacias que não deveriam abrigar presos por mais de 24 horas são usadas como mini presídios tornando policiais civis reféns do trabalho de cuidadores de presos. A falta de efetivo defasado em mais de 50% do quadro de delegados, escrivães e investigadores acentua a dificuldade da Polícia Civil na elucidação de crimes. O reflexo da impunidade é o aumento da violência nas ruas.
“A Polícia Civil não pode mais carregar esse fardo que é o desvio de função cuidando de presos em delegacias porque essa não é a nossa atribuição. Nossa função é investigar, coletar provas e resolver crimes. Hoje, fomos reduzidos a babás de presos, cuidando da alimentação, das locomoções, das visitas, banhos de sol, da saúde e segurança deles quando na verdade somos pagos para atender à população, aos cidadãos de bem e não aos presos”, afirmou o delegado Pedro Felipe Andrade, diretor jurídico da Adepol.
Acúmulo de comarcas
Um exemplo que revela o descaso do Governo na segurança pública do Estado é Paranavaí. Em reunião com delegados da região, realizada na quinta-feira (20) neste município, a diretoria da Adepol constatou que os delegados acumulam comarcas que não deveriam e aos finais de semana se revezam nos plantões atendendo a sete ou oito municípios, além da jornada de 40 horas semanais.
Paranavaí é a sede da 8ª Subdivisão de Polícia e abrange 33 municípios. Desses, oito cidades são sedes de comarcas, sete com delegacias. Nas demais cidades, não existem delegacias, embora no site da Polícia Civil, mantido pelo Governo do Estado, são exibidas fotos de 34 delegacias na região – algumas já foram fechadas há mais de 10 anos.
Dessas 8 comarcas, duas estão com a carceragem interditadas pela Justiça devido a superlotação: Santa Isabel do Ivaí e Terra Rica. O delegado de Loanda, Alysson Tinoco, também é o responsável pela comarca de Santa Isabel do Ivaí (carceragem interditada). Os dois municípios somam 80 mil habitantes. Com a interdição, a carceragem de Loanda que tem capacidade para abrigar 50 presos, hoje tem 190 dos dois municípios. A Justiça proferiu uma decisão obrigando o Governo do Estado a construir uma cadeia em Santa Isabel do Ivaí, mas o Governo está recorrendo da decisão.
O delegado Dimitri Tostes Monteiro, titular em Nova Londrina, alterna os plantões com o delegado Alysson nos finais de semana. Num plantão, um deles precisa atender sozinho a sete municípios. A carceragem da Nova Londrina também está com o dobro de presos que a capacidade suporta.
Excetuando Santa Isabel do Ivaí, cada delegado das comarcas de Paranavaí responde em média por três ou quatro municípios e contam com no máximo quatro investigadores e um escrivão.
A Adepol ajuizou uma ação para que o Governo do Estado nomeie os delegados que passaram no último concurso e abra um novo certame para contratar mais escrivães e investigadores.