Picaretas da fé: Pastores são alvo de operação por aplicar golpes em 50 mil pessoas
Na quarta-feira, 20 de setembro, uma operação policial abalou o país ao desvendar um elaborado esquema de golpes liderado pelo pastor Osório José Lopes Júnior, que já havia sido conhecido por causar prejuízos de R$ 15 milhões a fiéis em Goianésia (GO) em 2018. O alcance dessa rede criminosa foi surpreendente, afetando mais de 50 mil pessoas em todo o Brasil e até no exterior. Além de Osório, outro pastor, cujo nome não foi revelado, também está sob investigação.
Os dois líderes religiosos, considerados foragidos pelas autoridades, são acusados de formar um grupo criminoso com cerca de 200 integrantes, especializado em uma série de crimes, incluindo falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e estelionato através das redes sociais. As vítimas, em sua maioria, eram pessoas evangélicas, o que tornava o golpe ainda mais perverso, pois os criminosos se valiam da religião para convencê-las a investir suas economias em projetos fictícios.
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O modus operandi dessa organização era incrivelmente bem estruturado, com divisão de tarefas e abordagens elaboradas. Usando a teoria conspiratória conhecida como “Nesara Gesara”, os golpistas prometiam retornos financeiros astronômicos e rentabilidade imediata. Um exemplo chocante dessas promessas era a afirmação de que um depósito de R$ 25 poderia se transformar em R$ 1 octilhão.
Esse golpe é considerado um dos maiores já investigados no Brasil, pois afetou pessoas de diferentes estratos sociais e em quase todas as unidades da Federação, somando mais de 50 mil vítimas. A investigação, que durou cerca de um ano, identificou aproximadamente 200 membros na organização, incluindo dezenas de líderes evangélicos que usavam sua influência para convencer as vítimas de que eram escolhidas por Deus para receberem essas “bênçãos”.
Os suspeitos mantinham empresas fictícias para dar aparência de legalidade às operações financeiras e celebravam contratos ideologicamente falsos com as vítimas, alegando que estavam registrados no Banco Central do Brasil (Bacen) e no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Durante a investigação, foi descoberta uma movimentação financeira suspeita de mais de R$ 156 milhões nos últimos cinco anos, juntamente com mais de 40 empresas fictícias e mais de 800 contas bancárias sob investigação.
É importante destacar que, em dezembro do ano passado, um dos principais influenciadores digitais da organização criminosa foi preso em flagrante por uso de documento falso em uma agência bancária em Brasília. No entanto, isso não impediu que o grupo continuasse a aplicar golpes.
Agora, os envolvidos poderão responder por uma série de crimes, incluindo estelionato, falsificação de documentos, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, crimes contra a ordem tributária e organização criminosa. As autoridades estão empenhadas em capturar Osório José Lopes Júnior e seu comparsa não identificado para que enfrentem a justiça pelos danos causados a milhares de vítimas inocentes.