Cientistas afirmam estar próximos de descobrir quinta força da natureza: como isso nos afeta?
Descoberta pode revolucionar forma de explicar fenômenos comuns do dia a dia
Cientistas do Fermilab, um laboratório especializado em Física de partículas localizado em Illinois (EUA), anunciaram que estão muito perto de uma nova descoberta que pode representar um dos maiores avanços científicos desde a Teoria da Relatividade de Albert Einstein. Os pesquisadores estão em busca de comprovar a existência de uma quinta força da natureza. Mas o que muda, exatamente, com essa descoberta revolucionária?
A resposta é: tudo. O mundo como é conhecido hoje e as muitas teorias que explicam como boa parte dele funciona podem ser drasticamente alterados por uma revelação como essa. Como explica o assessor pedagógico de Física do Sistema Positivo de Ensino, João Rodrigo de Almeida, “atualmente, a Física utiliza conjuntos de equações centrados nas quatro forças fundamentais da natureza – eletromagnética, gravidade, força nuclear eletrofraca e força nuclear eletroforte. Essas forças, quando relacionadas matematicamente, constituem o que se chama de Modelo Padrão da Física e são, basicamente, conjuntos de interações que acontecem com as partículas e subpartículas, tudo isso em uma escala muito pequena das coisas”.
São essas forças fundamentais que determinam como objetos e partículas interagem uns com os outros no Universo. A possível existência de uma quinta força representa algo ainda mais extraordinário, uma vez que o Modelo Padrão da Física estabelecido atualmente não consegue explicar vários fenômenos que os astrônomos observam no espaço, por exemplo o fato de as galáxias estarem acelerando sua expansão e girando mais rápido do que deveriam. O que se pretende provar agora é que tais ocorrências podem estar sendo impulsionadas por uma força ainda desconhecida.
A Física do dia a dia
O estudo da Física trabalha com conceitos que, na maior parte das vezes, vão além da capacidade de compreensão da grande maioria das pessoas. Entretanto, apesar de as teorias e do conhecimento científico ficarem restritos aos centros de pesquisa, algumas descobertas acabam por influenciar a vida de todos, na medida em que servem de ponto de partida para o surgimento de novas tecnologias e práticas aplicadas ao cotidiano das pessoas. O telescópio Hubble e equipamentos como o de ressonância magnética são exemplos de como a Física pode contribuir enormemente para o avanço da sociedade.
Em outras palavras, todas as pessoas têm suas vidas afetadas pela Física, todos os dias, ainda que não se aprofundem no estudo dos fenômenos físicos. Almeida ressalta que um avanço como esse é de enorme importância para a humanidade. “Descobertas e comprovações dessa natureza ajudam a explicar o mundo ao nosso redor, e a criação de novas teorias e leis podem inclusive contribuir com aplicações que resultarão em benefícios para a vida e o cotidiano das pessoas, uma vez que muitas tecnologias surgem a partir do conhecimento científico adquirido”.
A hipótese de uma quinta força é reforçada pelo fato de que pesquisadores perceberam que partículas subatômicas – chamadas de múons – estariam se comportando de forma diferente da esperada. Ao acelerarem essas partículas em torno de um anel de 15 metros de diâmetro cerca de mil vezes, numa velocidade próxima à velocidade da luz, os cientistas notaram que os múons estariam reagindo de uma maneira que não pode ser explicada pela teoria atual por causa da influência de uma força ainda desconhecida. Eles supõem, então, que uma “nova” força da natureza estaria agindo sobre os múons.
Apesar da empolgação com a possível descoberta, o especialista alerta que é preciso cautela. “Isso hoje é uma hipótese que está em vias de se tornar uma teoria. Depois, essa teoria tem que ser refutada pela comunidade científica para que se prove forte, verdadeira ou muito próxima da verdade”, detalha. Ele explica que, a partir do momento que essa quinta força puder ser comprovada, ela deverá passar pelo escrutínio dos cientistas durante anos, com parte deles tentando provar que a teoria é verdadeira e parte tentando provar que não é. Só depois disso a nova descoberta deve começar a fazer parte do estudo da Física, integrando inclusive materiais didáticos, por exemplo. “É esse escrutínio da ciência que dará credibilidade à descoberta”, finaliza.