Dilma decide encampar eleição antecipada e avalia apoio a proposta que está no Congresso, diz fonte.
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) – Convencida de que não terá como barrar seu afastamento pelo Senado, a presidente Dilma Rousseff decidiu encampar a ideia de novas eleições em outubro deste ano, mas a tendência neste momento é de apoiar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que já está no Congresso, disse à Reuters nesta segunta-feira uma fonte do Palácio do Planalto.
Parte dos auxiliares mais próximos da presidente, no entanto, ainda é contrária ao apoio explícito à emenda, já que daria a impressão de que Dilma “jogou a toalha”, segundo a fonte.
Mas a maioria hoje concorda que o afastamento é inevitável e, mesmo que a presidente consiga voltar ao cargo depois da decisão final do Senado, teria dificuldades para governar.
Os ministros mais próximos de Dilma concordam que apoiar a proposta de uma eleição ainda este ano seria uma última cartada da presidente. O Planalto alega que um governo de Michel Temer seria ilegítimo, por não ter votos, e que a crise só poderia ser resolvida com uma nova eleição.
O cronograma desse apoio de Dilma à proposta de novas eleições não está fechado, segundo a fonte. Não está definido quando e sob que forma a presidente deve tratar do assunto. O governo ainda tenta negociar apoio de mais movimentos sociais à proposta, o que até agora não tem conseguido.
A hipótese de o Planalto enviar uma nova PEC não está totalmente descartada. A avaliação neste momento, no entanto, é que isso poderia prejudicar o processo no Congresso.
“Já existe uma PEC no Senado com o apoio já de 30 senadores. Não tem muito sentido descartar isso”, disse a fonte.
A avaliação no Planalto é que não há fato novo e será muito difícil reverter expectativas nos próximos 10 dias, até a votação da admissibilidade do processo de impeachment pelo plenário do Senado, marcada para 11 de maio. Dilma ainda acredita, no entanto, que nos próximos meses poderia reverter a votação do julgamento final.