Petrobras quebrada, mito ou verdade?
A Petrobras teve lucro de R$ 316 milhões no segundo trimestre de 2017, 14,6% menor que os R$ 370 milhões registrados no mesmo período do ano anterior.
Na comparação com o primeiro trimestre, o resultado foi 93% menor.
A empresa atribui a queda a fatores não recorrentes, como a adesão a programa de regularização tributária referente ao fundo de pensão Petros, que custou R$ 6,2 bilhões, e provisão de R$ 818 milhões para perdas com a sonda Vitória 10.000, investigada pela Lava Jato.
“Tivemos um resultado bastante expressivo, nosso lucro operacional cresceu 5% (com relação ao primeiro trimestre), mas houve fatores extraordinários”, comentou o presidente da companhia, Pedro Parente.
No primeiro semestre de 2017, a Petrobras acumulou lucro de R$ 4,8 bilhões, revertendo o prejuízo de R$ 900 milhões registrado no mesmo período do ano anterior.
A melhora do desempenho no semestre, diz a empresa, é reflexo de aumento na produção e exportação de petróleo e no corte de custos.
Entre o primeiro e o segundo trimestre, por exemplo, as despesas gerais e administrativas foram reduzidas em 4% entre o primeiro e o segundo trimestre. O número de empregados caiu 3% no mesmo período, para 63.152.
O diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, destacou que a empresa fechou o nono trimestre seguido com sobra de caixa, após um longo período queimando suas reservas para controlar os preços dos combustíveis.
No segundo trimestre, a geração de caixa medida pelo Ebitda ficou praticamente estável em relação ao mesmo período do ano passado, em R$ 19,1 bilhões. A sobra de caixa foi de R$ 9,3 bilhões.
Com isso, a companhia continua trabalhando para reduzir sua dívida, principal foco de seu plano de negócios. Ao fim do trimestre, o endividamento líquido era de R$ 295,3 bilhões, queda de 1,8% com relação aos R$ 300,9 bilhões do fechamento do trimestre anterior.
O indicador de dívida líquida sobre Ebitda ficou em 3,23 vezes, contra 3,24 vezes no trimestre anterior e 4,3 vezes no mesmo período de 2016. A meta é atingir 2,5 vezes até o fim de 2018.
Monteiro disse que a Petrobras deve anunciar nas próximas semanas novas operações de refinanciamento visando melhorar o perfil da dívida.
O objetivo é alongar o prazo de pagamento de um volume entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões dos US$ 9,3 bilhões que vencem em 2018.
Monteiro disse que empresa voltou a negociar empréstimos com o BNDES: atualmente, aguarda há em análise um pedido de financiamento de US$ 1 bilhão com agente repassador de recursos do banco e a ideia é buscar até US$ 1 bilhão em recursos do Finame até o fim do ano.
BALANÇA
No primeiro semestre, a companhia teve um saldo líquido de exportações de petróleo e derivados de 401 mil barris por dia, resultado de queda de 25% nas importações e alta de 48% nas exportações.
O desempenho reflete o aumento de 6% na produção nacional de petróleo e gás, que chegou a 2,671 milhões de barris por dia no semestre, e também da queda nas vendas, que foi de 7% no semestre.
As refinarias da empresa continuaram operando a baixa capacidade (77%), diante da competição com importadores privados. Parente afirmou que a mudança na política de preços só terá efeito no terceiro trimestre.
DESCOBERTA
A Petrobras anunciou ainda uma nova descoberta de petróleo no pré-sal da Bacia de Campos, na área do campo de Marlins Sul, já produtor de óleo no pós-sal.
O novo poço, conhecido como Poraquê Alto, está localizado a 115 km da costa do Rio.
A diretora de exploração e produção da estatal, Solange Guedes, disse que a descoberta é importante porque fica em área onde a empresa já tem estrutura de produção, o que reduz os custos.
Segundo ela, o custo de produção de petróleo no pré-sal caiu para abaixo de US$ 7 por barril, menos da metade do verificado em 2014. Na média, o custo de produção da empresa é US$ 10,28 por barril.
Fonte: folha de São Paulo