Mortalidade por câncer de mama deve aumentar durante a pandemia
Centro de Doenças da Mama (CDM) alerta para a necessidade de se reforçar o trabalho de prevenção e diagnóstico precoce da doença no Brasil
A pandemia de Covid-19 ao longo de 2020 trouxe inúmeros desafios para a saúde. Além da doença provocada pelo novo coronavírus, outras áreas da saúde foram afetadas pelo atraso nos diagnósticos. É o caso do câncer de mama que, todos os anos, atinge mais de 2 milhões de mulheres em todo o mundo. Pelas projeções do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Brasil deve registrar este ano mais de 66 mil novos casos da doença, além de 17,5 mil óbitos. Porém, o isolamento social e as mudanças nos protocolos de atendimento devem resultar num cenário ainda mais preocupante: a mortalidade por câncer pode aumentar em pelo menos 20% devido à pandemia, apontou um estudo feito por pesquisadores da University College London, na Inglaterra.
O médico mastologista e cirurgião oncológico Rubens Silveira Lima, do Centro de Doenças da Mama (CDM), em Curitiba, lembra que o mês de outubro já é nacionalmente conhecido por trazer para a sociedade o debate sobre a importância da prevenção do câncer de mama. Ele explica que relevância de se falar da doença se deve justamente pelo grande número de mulheres que afeta. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que essa é a quinta causa de morte por câncer em geral e a causa mais frequente de morte por câncer em mulheres 1.
O câncer de mama responde por 29,7% dos diagnósticos oncológicos entre mulheres. Problemas como câncer de colo e reto (9,2%) e de colo de útero (7,5%) ocupam a segunda e terceira posição em incidência no país, respectivamente. “A taxa de incidência do câncer de mama é muito alta em comparação com outras neoplasias. Por outro lado, quando diagnosticado precocemente, a chance de cura é muito grande”, explica o mastologista.
Segundo a American Cancer Society, a chance de cura para câncer de mama no estágio 1 é de aproximadamente 95%. No estágio 2, a expectativa de remissão cai para 90%.
PANDEMIA
O mastologista explica que a pesquisa da University College London mostrou que a preocupação com as consequências da pandemia no tratamento dos pacientes com câncer se deve principalmente ao diagnóstico tardio ou ao atraso nos tratamentos, como quimioterapia e radioterapia. “A pesquisa foi feita na Inglaterra, que conta com um sistema público de saúde bastante estruturado e efetivo e que desde o início da pandemia vinha alertando as pessoas com sintomas de câncer para não hesitarem em ser examinadas. No Brasil, esse cenário deve ser ainda mais dramático e as ações de prevenção e diagnóstico precisam ser reforçadas com a máxima urgência”, reforça Lima.
CENTRO DE DOENÇAS DA MAMA (CDM)
O Centro de Doenças da Mama (CDM) é mais do que uma clínica de mastologia. É um “cancer center” que oferece tratamento multidisciplinar durante todas as etapas do tratamento. Diagnóstico, tratamento e reabilitação são trabalhados de forma integrada para proporcionar às pacientes os melhores resultados.