“Não é mato, é floresta”
Quem for ao Parque do Ingá a partir deste sábado, vai estranhar a vegetação que está nascendo em algumas margens de um dos nossos cartões postais, o lago que é orgulho dos maringaenses.
O homem utiliza a natureza para sobreviver, viver e girar as rodas da economia. As águas geram, por exemplo, a energia que chega em nossas casas por meio das represas hidrelétricas. Também represamos a água para alegrar nossos olhos. É o caso do lago do Parque do Ingá.
O lago é fruto do represamento de várias nascentes do Córrego Moscado. Até os anos 1960, as corredeiras destes veios d’água eram utilizadas pelas donas de casa que lavavam ali as suas roupas. Na gestão do prefeito Adriano Valente, foi formada a represa e Maringá ganhou um parque com um belo lago.
A biólogo Kazue Kawakita, da UEM, explica que o Parque do Ingá é Área de Relevante Interesse Ecológico por ser “um pedacinho da Mata Atlântica preservada em Maringá”. Kazue faz parte da equipe da UEM e Unicesumar que monitora um fenômeno natural provocado pela longa estiagem no Paraná e deixa suas marcas no Parque do Ingá.
A estiagem, associada à histórica impermeabilização do solo no centro da cidade, diminuiu o nível das águas do lago do parque e aumentou as margens secas do local. Em seu ciclo mágico, a natureza vem cobrindo a parte seca com uma vegetação de pequeno porte. Essa mágica é provocada por sementes que estão depositadas no fundo do lago ou que são trazidas pelo vento.
Aos nossos olhos, a vegetação parece mato. Mas, não é. É o início da regeneração da Mata Atlântica. Ou seja, se a estiagem se prolongar por vários anos, as margens secas do lago poderiam voltar a ser uma área florestal, como já foi outrora. Assim, essa vegetação não pode ser retirada.
Com as chuvas dos últimos dias, o nível do lago já melhorou um pouco. E esperamos que mais água venha do céu para voltar a ampliar a área de nossa represa. Acho que o espírito de nossos pioneiros e das lavadeiras do Córrego Moscado ficarão felizes com isso.
Eles perderam as corredeiras, mas na época a água levou água encanada até suas casas. Um “fenômeno” que espantou muita gente na época. E, claro, ganharam o lago que, ao lado do “pedacinho da Mata Atlântica”, ainda hoje é um oásis em meio a tanto concreto que o homem vai depositando na cidade.