Para especialista em cobrança judicial e crise empresarial, momento atual requer olhar atento para a recuperação dos créditos inadimplidos
Foco na formalização correta dos negócios e na cobrança rápida pode ajudar as empresas a melhorarem seus resultados
Desde março desse ano, observa-se a dificuldade de muitas empresas para manter o ritmo de vendas nos seus negócios, perdendo faturamento e, por consequência, tendo seus resultados machucados.
Para o advogado especialista em cobrança judicial, crise empresarial e presidente da Comissão de Estudos em Falência e Recuperação Judicial da OAB Campinas, Fernando Pompeu Luccas, o momento agora é, sobretudo, de se “fechar as torneiras das empresas”, eliminando-se todo o tipo de ineficiência. “O momento agora é dos empresários buscarem analisar a fundo suas operações, visando a fechar as torneiras das empresas, eliminando as goteiras. Ou seja, é importante o foco para encontrar todas as oportunidades possíveis para melhorar a eficiência e o resultado. Se a empresa teve queda em suas vendas, mas tem uma carteira razoável de créditos inadimplidos para receber, deve focar não só na retomada das vendas, como também na cobrança eficiente dessa carteira, que permita uma recuperação melhor dos créditos, pois um resultado pode compensar o outro”, explica Pompeu.
Um ponto importante também a ser observado, segundo o especialista, é a formalização correta dos negócios das empresas. “Muitos empresários não se dão conta da importância de se formalizar corretamente seus negócios, com instrumentos que permitam o ingresso com execução em caso de não pagamento, podendo-se atrelar, em muitos casos, até boas garantias. Quando não se tem o negócio bem formalizado, pode-se ter a necessidade de, primeiro, comprovar que existiu o negócio com o devedor, que ele, de fato, não pagou e que as condições do negócio são aquelas mesmo defendidas pelo credor, para só depois se conseguir decisão favorável, ainda pendente de recurso, para que, só depois de todo esse caminho, possa-se executar a dívida. Porém, quando se tem um negócio bem formalizado, que permite que se ingresse com execução direto, isso pode pular uma etapa estimada de 5 a 10 anos, ou até mais”, sinaliza Pompeu.
Além desse caminho mais curto, outro ponto destacado pelo especialista é a necessidade de se conduzir com rapidez os processos de execução. “Um negócio bem formalizado, que permita que se ingresse com execução direto, é meio caminho andado, porém não é o que basta. Além disso, é importante se ter em mente que, quanto maior se torna o atraso, ainda mais em tempos de crise, nos quais boa parte das empresas sofre com problemas de caixa, mais difícil se torna o recebimento, pois os credores que chegaram antes recebem na frente dos que dormiram no ponto. Portanto, é sempre importante ajuizar o processo e acompanhá-lo muito de perto, como forma de se conseguir uma citação rápida, uma penhora ágil, que permitam acelerar a excussão do patrimônio, ou até um acordo. Além disso, é importante se fazer uma boa pesquisa prévia de bens do devedor, como forma de direcionar melhor os pedidos de penhora no processo, bem como analisar também eventuais atitudes para blindagem de patrimônio tomadas pelo devedor, como forma de poder desconstituí-las e atingir os bens desviados/blindados. E com esse tipo de postura que o empresário, por exemplo, pode tirar resultados de onde não pensava que poderia”, conclui Pompeu.