Bolsonaro entra nas campanhas municipais e defende voto em Russomanno e Crivella
BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro usou sua tradicional live de quinta-feira para, pela primeira vez, defender abertamente candidatos a prefeito, com apoio explícito a Celso Russomanno (Republicanos), em São Paulo, e uma defesa mais tímida de voto em Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio de Janeiro.
“Estamos aqui com CR10, Celso Russomanno, em São Paulo. Eu conheço ele há muito tempo. Foi deputado federal comigo. E eu sou capitão do Exército, né? Ele aqui é tenente R2 da Aeronáutica. Então, um capitão do Brasil e um tenente na prefeitura de São Paulo”, disse. “Então, Celso Russomanno é minha pedida para São Paulo. Quem não escolheu ainda, se puder escolhê-lo, a gente agradece aí.”
O apoio a Crivella, que tenta a reeleição mas corre o risco de não chegar ao segundo turno no Rio de Janeiro, foi menos enfático. Bolsonaro disse que iria indicar “um nome que dá polêmica, porque o Rio de Janeiro sempre é polêmico”, que estava com Crivella, mas que não iria fazer críticas ao “outro candidato”, que seria “bom administrador”, referindo-se a Eduardo Paes (DEM), que lidera as pesquisas eleitorais com uma boa margem.
“Que não tenha muita polêmica, se você não quiser votar nele (Crivella), fique tranquilo, tá certo, não vamos criar polêmica, não vamos brigar entre nós por causa disso daí porque eu respeito os seus candidatos também”, afirmou.
Ao longo dos últimos meses, Bolsonaro afirmou por várias vezes que não apoiaria candidatos específicos, especialmente no primeiro turno, mas poderia entrar nas campanhas no segundo turno para ajudar a decidir a favor de nomes de seu grupo político, especialmente Crivella e Russomanno.
A pressão sobre os dois candidatos nas maiores capitais do país antecipou o apoio. De acordo com a última pesquisa Datafolha, Crivella aparece em segundo lugar, mas empatado em 13% das intenções de voto com a candidata do PDT, Martha Rocha, enquanto Eduardo Paes está em primeiro, com 28%.
No entanto, a rejeição do atual prefeito é a maior entre todos os candidatos: 58% dos entrevistados disseram que não votariam em Crivella de jeito nenhum, enquanto a rejeição a Martha é de apenas 7%. Paes, que também já foi prefeito do Rio, tem 31% de rejeição.
Já em São Paulo, Russomanno aparece em segundo lugar, atrás do atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), com 20% das intenções de voto. No entanto, entre as pesquisas do dia 8 e do dia 22 de outubro, Russomanno perdeu 7 pontos percentuais e também tem a maior rejeição entre os candidatos paulistanos, 38%.
Tanto Crivella quando Russomanno tentam colar suas candidaturas em Bolsonaro, apoiados no crescimento da aprovação de Bolsonaro no país, para tentar melhorar suas posições. No entanto, o Datafolha mostrou que, ao menos em São Paulo, o apoio pode não ajudar. Em pesquisa feita no início do mês, 63% dos entrevistados afirmaram que não votariam de jeito nenhum em um candidato apoiado por Bolsonaro.
Ainda assim, o presidente deve gravar falas de apoio a ambos. Na manhã desta sexta, Crivella esteve no Palácio da Alvorada, tomou café da manhã com Bolsonaro e o presidente gravou uma participação para sua propaganda eleitoral. A campanha à reeleição do prefeito divulgou fotos do encontro.
OUTROS CANDIDATOS
Em sua live, Bolsonaro ainda defendeu outras candidaturas pelo país, nomes que já tinha falado em conversas com apoiadores que são veiculadas depois por canais bolsonaristas na internet. Entre eles, Ivan Sartori (PSD) em Santos, Coronel Menezes (Patriota), em Manaus, e Bruno Engler (PRTB), em Belo Horizonte. Nenhum deles tem qualquer chance de chegar ao segundo turno, de acordo com as pesquisas.
Do lado oposto, Bolsonaro também aproveitou para atacar a candidatura de Manuela D’Ávila (PCdoB), em Porto Alegre. A ex-candidata a vice-presidente na chapa com Fernando Haddad (PT) em 2018 lidera todas as pesquisas e nas simulações também vence dos demais candidatos no segundo turno.
“Uma candidata do PCdoB está lá na frente? Pensa nas consequências. Vejam o que esse partido defende, os problemas que esse partido cria para a família tradicional brasileira”, disse o presidente. “É um apelo que eu faço para Porto Alegre. Não vou indicar ninguém, vocês são livres para votar. Agora, votar em uma candidata do PCdoB acho que é o fim da picada.”
Na capital gaúcha, o candidato da base bolsonarista, João Derly (Republicanos), tem apenas 3% das intenções de voto.