Vacina contra a Covid-19: qual a recomendação para gestantes?
A aprovação de vacinas contra a Covid-19 no Brasil pela Agência Nacional de Saúde (Anvisa) trouxe esperança de dias melhores em meio à pandemia ocasionada pelo novo coronavírus, mas também trouxe dúvidas quanto à imunização. Um dos grupos que é tratado como prioritário é o de gestantes, puérperas e lactantes. Mas será que essas mulheres podem mesmo ser vacinadas? E será que todas as vacinas são recomendadas?
Em dezembro, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), por meio de sua Comissão Nacional Especializada em Vacinas, emitiu um comunicado em que aponta que “esse grupo populacional não integrou os estudos clínicos sobre as pesquisas de vacinas contra esta doença. Por essa razão, ainda não há informações sobre os efeitos”.
Na última semana, a Federação atualizou a recomendação, informando que “a segurança e eficácia das vacinas não foram avaliadas em gestantes e lactantes, no entanto, estudos em animais não demonstraram risco de malformações”.
No caso da Coronavac, aprovada para uso emergencial no País, a Febrasgo recomenta que, “para as gestantes e lactantes pertencentes ao grupo de risco, a vacinação poderá ser realizada após avaliação dos riscos e benefícios em decisão compartilhada entre a mulher e seu médico prescritor”.
“É essencial que haja confiança entre profissional e paciente para chegar a uma decisão assertiva sobre o tema, com a dissipação de todas as dúvidas e os medos”, defende o médico especialista em reprodução assistida, Vinícius Stawinski.
O informe da Febrasgo pontua que gestantes, puérperas e lactantes “devem ser informadas sobre os dados de eficácia e segurança das vacinas conhecidos assim como os dados ainda não disponíveis. A decisão entre o médico e a paciente deve considerar: o nível de potencial contaminação do vírus na comunidade; a potencial eficácia da vacina; o risco e a potencial gravidade da doença materna, incluindo os efeitos no feto e no recém nascido e a segurança da vacina para o binômio materno-fetal” e frisa que “os eventos adversos esperados devem ser monitorados”.
E quem está tentando engravidar?
As dúvidas também podem surgir para as pessoas que estão tentando engravidar. Desde abril de 2020, os tratamentos como os de Fertilização In Vitro (FIV) e congelamento de óvulos e sêmen estão sendo feitos seguindo os protocolos de saúde e a recomendação da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida e da Red Latinoamericana de Reproducción Asistida de que seja uma decisão tomada entre paciente e médico.
“Fazer um tratamento neste momento pode gerar insegurança por conta das vacinas, mas assim como todo procedimento deve ser, o acompanhamento e condução devem sempre ser individualizados caso-a-caso”, recomenda Stawinski.
Uma informação importante é que “as vacinas não são de vírus vivos e têm tecnologia conhecida e usada em outras vacinas que já fazem parte do calendário das gestantes como as vacinas do tétano, coqueluche e influenza”.
Mais vacinas
Muitas pessoas não sabem, mas há vacinas que não são indicadas durante a gestação. São elas: HPV, dengue, varicela (catapora), febre amarela, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola).
“Essas vacinas contêm vírus vivo atenuado, e podem gerar problemas em alguns casos, como em situações com diminuição da imunidade”, sinaliza Stawinski. “Apesar de não serem indicadas durante a gravidez, podem ser administradas após o nascimento do bebê e durante a amamentação, já que não há risco de transmissão para a criança por meio do leite – com exceção da vacina contra a dengue, que continua sendo contraindicada e por ser, também, uma doença ‘recente’ em nossa sociedade, que ainda está a ser estudada”, pontua o médico.