Mau uso da serra elétrica corresponde a 50% dos atendimentos de trauma de mão em pronto-socorro
A cada 50 segundos, um novo acidente de trabalho é registrado no Brasil; desde 2012, são mais de 6 milhões de casos
Quedas, lesões por esforço repetitivo, queimaduras, choques elétricos e uso incorreto de equipamentos e máquinas compõem a lista dos principais acidentes de trabalho atendidos nos prontos-socorros em todo Brasil. A cada cinquenta segundos um novo acidente no ambiente de trabalho é registrado no país, de acordo com o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho.
Gilmar Ferreira conversou com Eduardo Novak, médico ortopedista e traumatologista do Hospital Cajuru. Ouça
Uma pesquisa realizada no Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR), em parceria com a PUCPR, apontou que 50% dos traumas na mão atendidos no pronto-socorro ao longo de 2020 correspondem a acidentes com serra elétrica. O equipamento é usado para serrar mármore e, de acordo com o médico ortopedista e traumatologista do Hospital Cajuru, Eduardo Novak, o problema está no uso errado da ferramenta.
“Muitos profissionais usam a serra mármore para cortar madeira, e isso é muito perigoso. Esse equipamento gira a 11 mil rpm, enquanto a ferramenta própria para madeira gira a uns 4 mil rpm. Então, essas serras não são feitas para madeira. Ela ricocheteia, dá o chamado tranco, e acaba atingindo as mãos. Esse tipo de lesão geralmente é grave, levando muitas vezes a sequelas irreversíveis e podendo atingir outras partes do corpo, como rosto, tórax e pescoço”, diz.
A pesquisa ainda aponta que 90% das vítimas são homens e em 64% dos acidentes, a mão esquerda é a mais acometida. Esse é o caso do trabalhador Paulo Anniess Neto, de 59 anos, que levou 18 pontos na mão após acidente com a serra elétrica. “Eu estava cortando um contrapiso com uma serra com o disco de madeira. Esse contrapiso estava fixado em um piso antigo, de madeira bem mais dura. O disco pegou nessa madeira e jogou a serra pra cima. E como não é aquela serra que desliga automaticamente, ela pulou e cortou toda a minha palma da mão. Quando a gente trabalha com esse tipo de equipamento, tem que estar 200% atento. Um segundo de bobeira e já pode ter um acidente bem grave”, revela.
Para evitar esse e outros tipos de acidentes no ambiente de trabalho, Novak ressalta a importância do treinamento qualificado para manuseio de máquinas e também o uso de equipamentos de proteção. “Avaliar a finalidade da serra com base na rotação e tipo de disco é o principal. Se é para cortar mármore, porcelanato ou madeira, o equipamento deve ser próprio para esses materiais. A segunda coisa é usar os equipamentos de proteção, ter segurança ao manusear a serra e sempre manter a atenção redobrada. Muitos acidentes acontecem porque o profissional acaba se descuidando por já ter experiência. Tem pacientes que vêm para o hospital após 30 anos trabalhando com a serra elétrica, ou que já perderam um ou dois dedos e ainda assim sofrem acidentes com o equipamento. Não dá para negligenciar o uso”, ressalta o médico.
No caso de acidente com a serra elétrica, a orientação médica é pressionar o local com panos secos e limpos para parar o sangramento e procurar imediatamente o atendimento médico, seja em um pronto-socorro ou chamando o Siate pelo número 193.
Sobre o Hospital Universitário Cajuru
O Hospital Universitário Cajuru é uma instituição filantrópica com atendimento 100% SUS. Está orientada pelos princípios éticos, cristãos e valores do Grupo Marista. Vinculado às escolas de Medicina e Ciências da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), preza pelo atendimento humanizado, com destaque para procedimentos cirúrgicos, transplante renal, urgência, emergência, traumas e atendimento de retaguarda a Pronto Atendimentos e UPAs de Curitiba e cidades da Região Metropolitana.