Pesquisa da USP mostra situação de trabalho de comunicadores brasileiros no contexto de 1 ano da pandemia de Covid-19
Estudo do CPCT, realizado em abril, contou com 994 respondentes do país todo e do exterior; relatório pode ser consultado no site do grupo
Acaba de ficar pronto o relatório da pesquisa Como trabalham os comunicadores no contexto de um ano da pandemia da Covid-19… 1 ano e 500 mil mortes depois, promovido pelo Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho (CPCT), que é vinculado à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).
O estudo, realizado entre 5 e 30 de abril último, exatamente um ano após a primeira investigação organizada em 2020, contou com o apoio de 26 instituições e entidades profissionais, acadêmicas e científicas da área de comunicação.
Foram coletadas no período respostas de 1.018 pessoas. Após verificação, houve a validação de 994 respondentes – espalhados por todos os 26 Estados brasileiros e o Distrito Federal, além de dois comunicadores que vivem no exterior (México e Holanda).
“As respostas compõem um conjunto de informações sobre as rotinas de trabalho, as condições em que são realizadas, as dificuldades, os desafios e os temores dos profissionais que atuam na área de comunicação. Estamos falando de profissionais que trabalham no jornalismo, na comunicação das organizações de diferentes perfis, instituições públicas e privadas, internamente ou via agências de comunicação e de publicidade, prestando serviços também a personalidades, autoridades e empresas de mídia“, conta a professora Roseli Figaro, que é coordenadora do CPCT.
Em comparação à pesquisa de 2020, ocorreu um aumento de mais de 78% de participantes – em abril do ano passado foram 557 respondentes. Desse público inicial, 23% responderam ao novo questionário.
Entre outros dados, a investigação atual apresenta o seguinte cenário:
· 59% dos respondentes são mulheres
· 68% das pessoas declaram ser de cor branca; pardos são 20% e pretos, 9%
· 35% dos trabalhadores têm entre 31 e 40 anos
· 170 profissionais moram sozinhos; 276 com até uma pessoa e 251 até com outras duas
· 49% são solteiros e 58% não têm filhos
· 513 profissionais têm pós-graduação e 528 são graduados em Jornalismo
· A grande maioria (894) exerce trabalho remunerado; 100 comunicadores não têm, no momento, atividade remunerada
· 257 trabalhadores ganham entre 2 e 4 salários mínimos (entre R$ 2.200 e R$ 4.400)
· 68% atuam exclusivamente no sistema home-office
· WhatsApp e e-mail são as ferramentas mais usadas no trabalho
· Houve aumento da jornada e do ritmo de trabalho em relação ao período anterior à pandemia
· Para 61% dos respondentes, as despesas com o trabalho aumentaram, sendo os principais gastos, respectivamente, com energia elétrica, alimentação e internet
· 68% dos comunicadores sofreram algum tipo de adoecimento, sendo que 165 tiveram Covid-19
Segundo Roseli Figaro, os comunicadores são requisitados e fundamentais nas atividades que desempenham nas mais diversas esferas de atuação. “Neste período de pandemia, o distanciamento social foi adotado como ação profilática principal para evitar ainda mais danos. O mundo do trabalho foi transportado para um universo paralelo de controvérsias sobre o que e como fazer para se manter a atividade laboral“, afirma.
Exemplo disso são os dilemas envolvendo o modelo home-office, com a adoção do sistema misto de trabalho (presencial e remoto), que aparecem no relatório.
“Como realizadores de trabalho essencial para a sociedade, os trabalhadores da comunicação têm enfrentado todo tipo de dificuldades para manterem-se em atividade. Os resultados da pesquisa indicam a necessidade de repensarmos as formas de organização do trabalho, a urgência de condições dignas e sustentáveis para o exercício profissional e os necessários cuidados com a saúde física e mental desses profissionais“, pondera a coordenadora do CPCT.
Acesse a íntegra do relatório da pesquisa, clicando aqui.